sábado, 6 de agosto de 2011




TUDO ACABA, AS FÉRIAS TAMBÉM




Fim das férias. Na mala fotos, bons momentos e lembrancinhas.
Ao chegar, os sons da casa são os primeiros a dar as boas-vindas: o vento batendo na janela; o canto dos pássaros lá fora, talvez para espantar o frio; o ruído incessante dos carros passando na rua... é bom estar de volta.

Como estará o Cantinho?
Decidi que na primeira oportunidade, faria um post novo. Escrever é o que faço com prazer. Dar vida aos personagens para contar uma história. Dar vida à história para caber nos personagens. O personagem vem antes. Não, o prazer vem antes.


Falando nisso, o que terão feito durante esse período Dudu, Kaká, Maria Rita, Alicinha, Tio Zuzu,...


Dudu, assim como a Bia, voltou às aulas nesta semana. Aproveitou as férias para ir ao cinema com os amigos, “Harry Potter e as Relíquias da Morte - parte 2” em 3D foi uma das opções. C’est fini. Acabou. Dudu se despediu do bruxinho, personagem da mais longa franquia da história do cinema. Os atores cresceram e amadureceram junto com ele, enquanto a história infantil se tornava um drama de guerra entre o bem e o mal, e o Dudu começava a enfrentar seus primeiros medos e conflitos.


Quanto não haverá do mundo mágico de Harry Potter no mundo do Dudu?

Tudo teve início quando o pequeno bruxo tinha 11 anos, hoje o Dudu tem 13 anos. O tempo passou, Harry já tem 17 anos e muito mais responsabilidades do que quando vivia embaixo da escada dos tios. No novo filme, ele perdeu tudo e está disposto a lutar por aqueles que ama e ainda estão vivos. Perdas.... tão significativas quanto foram a separação dos pais do Dudu e a morte de sua avó. Na batalha final, a superação, e a vitória sobre Lord Voldemort, nova fase que inicia, assim como tudo se transforma ao redor do Dudu.

O final da saga pode não ser o mais épico da história do cinema, mas é definitivamente o mais imperdível.
J.K. Rowling escreveu uma história bem amarrada que foi transferida, com maestria, para a tela grande. Se, ao final, não é possível dizer que todos viveram felizes para sempre, podemos desculpar as atitudes de alguns, condenar outros e vislumbrar o futuro daqueles que fizeram parte do imaginário por 10 anos.


O Dr. Paulo, pai do Dudu, por sua vez, viu estarrecido o Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, liberar R$ 420 milhões de reais para a construção do Estádio do Corinthians, além de ter dado o terreno, que é público; o Governador do Estado, Geraldo Alckimn, apesar de afirmar que os recursos seriam destinados a obras de infraestrutura em Itaquera, liberou -à revelia de grande parcela da população- mais R$ 70 milhões de reais; o BNDES também abriu a torneira e presenteou o Clube com R$ 400 milhões de reais. Tudo dado de mão beijada pelo Poder Público. Dinheiro do povo empregado em Clube Particular, em total afronta à Constituição e aos princípios da legalidade e moralidade. Em contrapartida, o Dr. Paulo lê no jornal, Folha de São Paulo, que a Prefeitura, usou no primeiro semestre deste ano menos de 20% das verbas previstas no Orçamento para construir e reformar escolas, limpar e canalizar córregos, urbanizar e regularizar favelas, implantar parques e melhorar a rede de iluminação pública.

É a política do “Pão e Circo” que move essa nação!!!!!, pensou.

Alguns dias depois, e para seu espanto, viu na internet que o Ministério do Esporte, que têm em caixa meio bilhão de reais no orçamento deste ano para a Copa e Olimpíadas, está dando o calote em mais de 100 (cem) atletas classificados para os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, daqui a dois meses. Absurdo! exclamou com indignação o pai do Dudu. Atente-se: a Bolsa Atleta emperrada é referente a 2010. E não é que falte dinheiro para honrar o compromisso, pois, a Agência de Publicidade que produziu os anúncios enaltecendo o programa Bolsa Atleta já recebeu R$ 3 milhões dos R$ 44 milhões de reais disponíveis para 2011.

- Falta gestão, competência, moralidade, ética e responsabilidade, murmurou enquanto continuava lendo todos os detalhes de mais essa vergonha nacional.


Quatro anos depois do Brasil ter sido indicado para a Copa 2014 e a três anos da realização do evento, todos sabem que o tempo é desfavorável para a sua organização, o planejamento de setores como segurança, telecomunicações, ampliação de aeroportos, tecnologias de informação, energia e saúde ainda é um mistério. Fato!
Além da falta de cronogramas para esses investimentos, não se sabe sequer quanto custará cada uma das etapas. Pior: o próprio Tribunal de Contas da União já prevê que o escandaloso desmando por ocasião dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, poderá se repetir. A conta estourada irá parar no colo do Governo Federal, ou seja, de todos os contribuintes brasileiros.

Uma sensação de cansaço e de revolta se abateu sobre o Dr. Paulo diante das notícias do mês que passou.


Maria Rita, por outro lado, fã de realities shows, apesar da decepção com o BBB11, acompanhou a estréia de AFazenda4 que prima pelo confinamento de pseudo celebridades em meio a atividades rurais. Definitivamente, ela não faz parte daquele grupo de pessoas que trata esse tipo de reality como algo danoso, um mal a ser combatido por fomentar a alienação, pra ela, aliás, esse discurso é tão clichê e vazio quanto aquilo que os participantes costumam dizer e fazer durante o confinamento.

Quando AFazenda entrou no ar, ela apostava nesse novo formato. Tendo vivido no interior durante a infância cercada de muito verde e animais, acreditava que o diferencial, sucesso e charme da atração ficaria por conta desse cenário. Amou AFazenda1, mas, aos poucos foi perdendo o interesse, mais pela mediocridade dos participantes e limitações da produção incapaz de apresentar um enredo nas edições, do que pela bela locação.

A proposta é boa, sem dúvida. Mas ter que aturar João Kléber, Dinei, Compadre Washington, Monique Evans (o Retorno), Bruna Surfistinha, Valesca Popozuda... é dose cavalar. Isso sem contar que pós Théo Becker, todos, em sua canastrice, parecem pensar que é no grito e na baixaria que chegarão ao prêmio de R$ 2 milhões de reais. Fazer um jogo de convivência com inteligência e estratégia parece estar anos-luz para aqueles que querem eternizar os quinze minutos de fama.

Hoje, não acredita que a atração possa ter a sobrevida do BBB. Pelo que se vê, o público sempre ávido por novidades, está perdendo o interesse. O apresentador, Brito Júnior é um tédio, repete-se à exaustão, não tem empatia com os participantes ou cumplicidade com o público. E a emissora peca ao colocar a atração após as 23:00 horas. Esse é um horário para notívagos, não para aqueles que ao chegar da universidade ou do trabalho, e, após o jantar, vão de encontro ao convidativo sofá, pensando em relaxar e se divertir diante da tevê e às 22:00 horas já se preparam para ir dormir.

O envolvimento de Maria Rita com AFazenda parece ter acabado, o que a está fazendo viver e encarar com mais intensidade o reality show de cada dia, frequentando lugares comuns, tendo que conviver com gente chata e normal, de lidar com os encontros e desencontros com o Kaká, e, de administrar as contradições e idiossincrasias do dia-a-dia.

No dia 22, em especial, sentiu a pulsação do seu próprio reality. Ao acessar sua homepage, leu a notícia de que a Noruega fora alvo de duplo atentado com quase uma centena de mortos. Algo naquela notícia chamou a sua atenção: a data. Não tardou em enviar, com grande ansiedade, um email para a prima Bela.

“Bela, olha ele aí fazendo das suas de novo! Viu os atentados na Noruega? Várias mortes! Dia 22. Percebe? Tudo à sombra do 11 (11 x 2 = 22)”.

Enquanto Maria Rita tentava decifrar a estranha energia do número 11, Kaká foi até Paraty, charmosa cidade do litoral fluminense, para documentar a 9ª. Festa Literária Internacional.

Amou o evento, em especial, a abertura com o bem-humorado crítico literário Antônio Cândido, que abrilhantou o primeiro dia aos seus 92 anos. Ele apesar de se considerar um “homem encalhado no passado”, demonstrou estar atento à atual crítica literária no país.


Escrevo ainda em máquina de escrever, não sei o que é computador. Comigo não adianta perguntar coisa moderna, sou um homem do passado. Eu sou encalhado no passado. Sou conservador. Uso bigode, ainda. Os jovens usam barba., confessou.

Disse ser avesso a entrevistas e ter aceito participar do evento por sua amizade com Oswald de Andrade, o grande homenageado. “Escrevi uns artigos de que ele não gostou, desceu a lenha em mim, ele era terrível, me chamou de mineiro malandro. Mas não me deixei alterar, vi que tinha sido um pouco injusto nos artigos e fiz um ensaio sobre Oswald, que ele gostou, e ficamos muito amigos”, continuou dizendo.

“Oswald era único. Era um tipo curiosíssimo, muito irregular. Uma obra cheia de altos e baixos. Tem momentos de genialidade e momentos muito ruins. Ele era uma força da natureza. Oswald era um homem que tinha traços de gênio. Ele não lia muito, mas o que ele "pegava" era extraordinário”.

Ao final, acabou por apontar o amigo como o intérprete-fundador da noção de brasilidade
.

Enquanto ouvia os “causos” contados por Antônio Cândido, Kaká meditava sobre a obra de Oswald, e depois postou no seu blog:


A FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty revelou um forte interesse do público pelos autores nacionais. As primeiras atrações com Antônio Cândido, João Ubaldo Ribeiro um dos maiores autores brasileiros ainda vivo, a mesa do neurocientista Miguel Nicolelis e do filósofo Luiz Felipe Pondé tiveram os ingressos rapidamente esgotados.

Oswald de Andrade foi homenageado no evento. Pensando em sua obra, vejo que ele em determinado momento percebeu que a nossa diversidade de culturas, a mistura de povos, era uma vantagem a ser explorada na renovação das artes. Na busca criativa e bem humorada de uma identidade brasileira criou o Manifesto Antropófago. Acreditava que a cultura européia deveria ser comida, digerida e devolvida com tempêro brasileiro.

Oswald de Andrade era um homem que estava à frente do seu tempo, dono de uma antena capaz de captar idéias que hoje fazem parte da nossa realidade. Deixou herdeiros no teatro. O Tropicalismo também é considerado consequência dessas idéias que transformaram a cultura brasileira: “O que ele estava falando era para o século XXI. Se a energia cósmica, quântica, os átomos de Oswald estiverem por aí, eu espero que eles estejam em cada um desses meninos que estão vendo a obra dele”, afirmou a filha do escritor, Marília Andrade.

A literatura é importante à medida que, é feita de ficção, sonhos e desejos que dão forma e contorno ao mundo idealizado que alimentamos no decorrer da vida, Kaká concluiu ao final do post.


Alicinha pensou em ir até Paraty para a Festa Literária, mas um trabalho de última hora a impediu. Passou o mês de julho na São Paulo da garoa com os dias frios do inverno paulistano.
Foi daqui que acompanhou com uma certa tristeza a morte precoce da cantora inglesa Amy Winehouse. Apesar de não ser fã ou gostar da cantora, lamentou sua perda assim como tantas outras pessoas ao redor do mundo.

“Reconheço que ela tinha uma linda voz, mas seu cabelo, roupas, tatuagens, estilo de vida, músicas e clipes nunca fizeram minha cabeça. All very dark”, postou no twitter.


Ao ver na foto uma moça sorridente de vestido rosa, segurando prosaicamente um cachorrinho pela coleira, é difícil acreditar que seja a mesma celebridade conhecida por seus escândalos e lapsos públicos. Como explicar que ao ter alcançado fama e dinheiro Amy tenha jogado a vida fora?, Alicinha se perguntava incrédula.

Nem o Grammy conquistado em 2008, com "Rehab", premiada como a Gravação do Ano, e de ter sido o maior destaque naquele ano vencendo cinco das seis categorias a que concorreu, foi capaz de aplacar seu ímpeto autodestrutivo.
Ela agora está na companhia de Janis Joplin, Jim Morrison vocalista da banda The Doors, Jimi Hendrix, Kurt Cobain o líder do Nirvana, e dos jovens anônimos ou moleques que morrem fumando crack, injetando heroína ou cheirando cola numa esquina qualquer de uma grande cidade...sufocados em suas angústias, abatidos pela depressão e tragados por sua solidão.
 
Todos, seres inquietos, de apenas reação, despreparados para viver num mundo que não escolheram, incapazes de alimentar a alma para deixá-la mais saudável, equilibrar o físico e fortalecer o espírito num encontro transcendental diante do existir. O ilusório caminho das drogas na busca incontida do prazer, foi a escolha e o atalho mais curto para fugir da realidade, na vã tentativa de negar as frustrações, fracassos e contrariedades do dia-a-dia. A opção que, em contrapartida, os conduziu à solidão e aniquilamento.
“Melhor queimar do que apagar aos poucos” (escreveu na carta de despedida Kurt Cobain). Apesar de sua arte, a falta de um sentido à vida.
E o Tio Zuzu? vocês perguntarão. Passou as últimas semanas na companhia da Leninha e do Tavinho, que foram para o Rio de Janeiro passar as férias com ele.
 
Não foram uns dias de muita tranquilidade, uma sensação apocalíptica, de final dos tempos, se apossou da Leninha diante dos estranhos acontecimentos ocorridos por lá, algo inusitado e jamais visto em qualquer outra parte do mundo. Não, não se trata de tremores, tsunamis ou vulcões ativos, mas de bueiros voadores. Isso mesmo, tampas de metal explodindo feito minas terrestres, voando e ferindo pessoas nas ruas da Cidade Maravilhosa. Nem a ficção seria capaz de imaginar algo tão dantesco! Já são contabilizados 42 bueiros voadores; o primeiro atingiu um casal de turistas americanos, matando o homem e queimando gravemente a mulher. É raro o dia em que não explode um.
 
Tio Zuzu, com o humor sarcástico que lhe é peculiar, sugeriu em seu blog que o Rio de Janeiro aproveite o momento para criar e levar às Olimpíadas uma nova modalidade esportiva: lançamento de bueiros ou salto sobre bueiros explosivos, ou, quiçás, talvez, fazer um Plebiscito para que a cidade passe a se chamar Bueiros Aires, rssss. Esse é o Tio Zuzu!
 
Portanto, se você for ao Rio de Janeiro já sabe, passe longe dos bueiros e, só pra garantir, faça um Seguro de Vida.
 
Bom, cada um pode ter passado as férias no Caribe, Patagônia ou em casa assistindo a Sessão da Tarde. Não importa, as férias acabaram e é preciso voltar.

Abaixo, um pouquinho do gostinho de não ter compromissos, agenda, cobranças, horário....tão booom!





Shadow/Mariasun


Licença Creative CommonsA obra TUDO ACABA, AS FÉRIAS TAMBÉM de MARIASUN foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.



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0500 2011 015 para doar R$ 15,00
0500 2011 040 para doar R$ 40,00


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