segunda-feira, 25 de outubro de 2010





SEM MEDO DO PASSADO


CARTA DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória.

Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos.

Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo. 

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente.

Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobrás, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país.

Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. 

Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte.

Esqueceu-se de que
foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os
juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
 

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista.

Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010:  

"Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobrás produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela". (José Eduardo Dutra) 

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia.

Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo.

Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou
outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores. 


É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. 

Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil). 

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO





OS ÚLTIMOS OITO ANOS DO BRASIL EM VERSO E PROSA






Dizem que a política é a arte do diabo, portanto, não esperemos encontrar anjos nesse meio. Aliás, nem mesmo entre nós, reles pessoas normais.
Ela é feita de acertos e erros, assim como tudo na vida. Claro que sempre espera-se haja mais acertos do que enganos, a começar pela escolha dos representantes do povo numa sociedade democrática. 

O segundo turno da eleição presidencial está aí, e ele representa não apenas a vitória de um ou outro candidato, mas a consolidação dos valores democráticos. A Democracia é dinâmica, flexível, permeada por leis voltadas para as necessidades econômicas e sociais da Nação. 

Há quem diga que política não se discute. Não penso assim. É a discussão livre e aberta que impede a eleição de políticos de perfil duvidoso, gananciosos e despreparados para o exercício do poder, e aniquila com a venda de voto – a arma mais eficaz em um processo democrático. 

O atual governo se equilibrou durante oito anos no bolsa-família, e a sua candidata acena com esse recurso para manter cativo e subjugado o seu eleitorado. Ocorre que, o bolsa-família é uma política compensatória, destinada a minorar situações temporárias. Portanto, para sua eficácia, é preciso construir uma porta de entrada e outra de saída. As políticas governamentais devem criar condições para que as pessoas sejam absorvidas pelo mercado-de-trabalho, de modo que, estas sejam capazes de gerar a sua própria renda e cuidar da manutenção da família, tornando-se assim autosuficientes e não dependentes. Senão não passa demagogia paternalista.
Triste o país que não dá condições de desenvolvimento, crescimento e de independência ao cidadão.

Reconheço que a Dilma não é mais guerrilheira e nem pertence mais a grupos terroristas. Sua trajetória mudou, até mesmo porque novos capítulos foram escritos na História brasileira. Porém, sinto que essa sua mudança é de forma, não de conteúdo. Agora, ao invés de usar armas, o instrumento é a Democracia, sendo certo que, se não houver mudanças de rumo, o caminho a ser seguido é o do Totalitarismo. 


Esse o mal que podemos evitar!!!

O DESTINO DOS IMPOSTOS QUE O BRASILEIRO PAGA




Pelo futuro de Cuba mantenha o PT no poder.


Shadow/Mariasun


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