domingo, 23 de outubro de 2011



XVI JOGOS PAN-AMERICANOS E O ESPORTE OLÍMPICO NACIONAL




O sonho de menina da Alicinha era o de um dia ser uma atleta olímpica. Ela bem que tentou. Aos sete anos já dava suas primeiras cambalhotas, saltos e pulinhos no clube que frequentava. Mas, apesar de sua motivação e do empenho do professor, não conseguiu passar de um penúltimo lugar nos campeonatos entre clubes.

A grande verdade é que ela sempre foi descoordenada e agitada. Essa história de treinar o mesmo movimento à perfeição por horas a fio, definitivamente nunca foi pra ela. Sua mãe bem que tentou despertar-lhe a disciplina ao inscrevê-la na natação, todos diziam que era o esporte ideal para crianças hiperativas, mas ela não passou do primeiro mês.

Apesar disso, nunca deixou de imaginar como teria sido sua carreira esportiva.

Diferente dela, a prima Maria Rita, durante a adolescência dedicou-se ao voleibol. Era dona de um saque devastador e uma levantadora de primeira, não ficando nada a dever a Fernanda Venturini. Participou de vários torneios entre escolas, inclusive no interior de São Paulo, tendo colacionado medalhas de ouro e prata nessa sua trajetória. A cada competição era possível ver e ouvir a torcida da Alicinha na arquibancada. Dessa forma, durante um bom tempo, foram compartilhando vitórias e derrotas.

Ao começar a trabalhar para custear o estudos, pouco a pouco, Maria Rita foi abandonando os treinos e os campeonatos, até que - com pesar - acabou se despedindo em definitivo das quadras.

Por um desses caprichos do destino, em maio deste ano, ao comprar o presente para o Dia das Mães, Alicinha participou de um concurso promovido por um Shopping de São Paulo, cujo prêmio era uma viagem a Guadalajara com direito a acompanhante, para ver a abertura dos jogos do Pan-Americano. E não é que a sortuda foi contemplada?

Ao saber da notícia, não cabia em si de contentamento! Finalmente, mesmo que de maneira torta, Alicinha participaria de um impotante evento esportivo. O sonho realizado!

Maria Rita foi a primeira pessoa que pensou convidar para ser sua companheira de viagem. A princípio esta custou a crer. Seria mais uma pegadinha da Alicinha? Mas, ao ver as passagens e os ingressos para a abertura, não pôde deixar de invejar a sorte da prima.

Justo agora que havia conseguido um contrato para realizar um ciclo de palestras em uma empresa! Que fazer? Adiar seu projeto profissional e ir para Guadalajara?

Não sei o que fazer Alicinha. Faça-me o favor, vai dizer que vai perder uma oportunidade como essa? É que o trabalho já está engatilhado, eles contam comigo. Prima, você é boa no que faz, eles querem você, então vai lá e diz que só vai dar pra começar em novembro. Não sei. Faz isso, confia!

E não é que deu certo? Sem pensar duas vezes, rumaram para o México. Além da festa de abertura, resolveram ficar por conta própria mais uma semana em Guadalajara. Hoje as duas ali estão, com um nada discreto sombrero colorido na cabeça, tomando piña colada, fartando-se de degustar tacos picantes, burritos, nachos e entre um jogo e outro, aproveitando para visitar pontos turísticos: a bela Catedral Metropolitana, o Museu de Artes Populares, o contemplativo Bosque Los Colomos, os históricos Arcos de Guadalajara... As noites são de pura magia ao som dos mariachis, que a caráter se apresentam no pátio do hotel, acompanhados pelos hóspedes ao som das maracas.

Maria Rita está encantada com tudo. No tempinho que sobra tem procurado manter o blog atualizado. São tantas as notícias e novidades, que às vezes mal sabe por onde começar. Quem diria que, um dia, Alicinha seria capaz de proporcionar-lhe tudo aquilo!

Confidencia ela no último post do CANDINHA:

Cada dia tem sido uma maratona. Acordar cedo e dormir tarde. Agora já passa da meia noite e a música continua rolando lá embaixo: ay ay ay ay canta y no llores, porque cantando se alegran cielito lindo los corazones..., Alicinha deve estar se somando a esse coro.

Aliás, este é um povo colorido, acolhedor e alegre. As pessoas estão sempre sorrindo e cantando, parecem carregar a alegria e a Nação no coração. Vi a apresentação das equipes do México da ginástica rítmica e nado sincronizado, o Estádio quase veio abaixo com a disposição do público, sempre incentivando, aplaudindo, agitando a bandeira verde, branca e vermelha com a águia segurando em suas patas uma serpente.

A abertura do evento no dia 14, no Estádio Omnilife, foi uma grande festa: homens voadores e telas flutuando entre o público, à medida que as tradições do país ao lado do "México do Futuro" iam sendo apresentados num espetáculo de luzes e som poucas vezes visto. O ápice, como era de se esperar, foi a chegada da tocha conduzida por Enriqueta Basilio, atleta que acendeu a pira dos Jogos Olímpicos do México de 1968. Momento inesquecível!

A passagem de cada uma das 42 delegações foi muito festejada e, nem é preciso dizer que, o público foi ao delírio com a entrada da delegação mexicana; já Alicinha, eu e os demais brasileiros ali, ficamos emocionados e cheios de orgulho nacional com a passagem da animada delegação brasileira, 270 integrantes uniformizados com o verde e amarelo da bandeira.

Entre nossos atletas estavam representantes do Atletismo, Hipismo, Lutas, Nado Sincronizado, Tênis, Tênis de Mesa, Tiro com Arco, Tiro Esportivo, Futebol, Pentatlo Moderno, Ginástica Rítmica, Ciclismo, Boxe, Taekwondo e Squash.

Não tinha como não sentir orgulho deles!

Em questão de horas estarei voltando pra casa. Hoje é o sexto dia de competições, e o bom desempenho do Brasil o coloca em vice-lugar no quadro de medalhas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Convém lembrar que enfrentamos três potências olímpicas: Estados Unidos, Canadá e Cuba.

A destacar as 24 medalhas da natação. Feito inédito! Thiago Pereira e Cesar Cielo com suas vigorosas braçadas reinaram na piscina, juntamente com as meninas do nado sincronizado, estas verdadeiras sereias. Aliás, que espetáculo lindo essas meninas proporcionaram! O ouro do vôlei de areia de Juliana e Larissa foi suado e merecido, depois de perder e levar o jogo pro tie-break contra as donas da casa, ufa! Que emoção ao ver a bandeira nacional nas mãos da Larissa no lugar mais alto do pódio! E a meninas de ouro do vôlei de quadra contra Cuba, essa eu não podia perder. Cuba, sempre ela! O Brasil há quatro anos atrás foi derrotado no Pan do Rio pelas cubanas, e não conquistava o torneio desde Winnipeg, no Canadá, em 1999. Me acabei de tanto torcer, vibrar e gritar! A cortada do ponto decisivo fez a torcida explodir, eu sorria e pulava abraçada à Alicinha, jamais esquecerei aquele momento de glória. Um dia sonhei estar ali, como elas. Bom, mas isso faz parte de uma outra história. A apresentação das meninas da ginástica rítmica foi fantástica: a precisão, elegância e coordenação de movimentos em todas as modalidades, ficará na memória por muito tempo; mais do que merecido o ouro e o tetracampeonato no conjunto.

É comovente ver o desempenho desses atletas, ainda mais ao saber das dificuldades e obstáculos, que muitos deles enfrentam para chegar a participar destas competições; muitos dos que estão ali, em Guadalajara, estarão representando o país em 2016, com toda a certeza.

Apesar do bom desempenho do Brasil no Pan, impossível fazer ouvidos surdos às recentes denúncias envolvendo o Ministério do Esporte; impossível deixar de reconhecer que ao esporte nacional faltam planejamento, programas, diretrizes e metas. Os últimos acontecimentos mostram que há ausência de gestão.

Não há uma política voltada para o desenvolvimento da base esportiva. Os recursos não chegam, ou quando chegam parte é desviada e o que sobra acaba sendo direcionado para modalidades esportivas mais conhecidas, de maior visibilidade e lucrativas, como o futebol, voleibol e basquete.

Muitos dos resultados alcançados pelo esporte brasileiro são produto do talento e determinação pessoal de alguns atletas e treinadores, que chegam a investir recursos próprios na busca do sonho de um dia subir ao pódio com a bandeira nacional e de serem reconhecidos. À medida que esses atletas se retiram das competições esportivas, por razões óbvias, não são substituídos.

Quem deveria investir neles, o Governo, não o faz. Quantos talentos e possíveis medalhistas não estão espalhados por esse Brasil afora, à espera apenas de uma oportunidade, de um patrocínio para a manutenção de seus programas de treinamento, e um dia - com o coração pulsando - subir ao lugar mais alto do pódio, fazendo de TODOS NÓS CAMPEÕES?

Enquanto faço as malas, tente sentir e encontrar a sua, a nossa força, com WE ARE THE CHAMPIONS:






No mundo inteiro, esporte e cultura são tratados no mesmo patamar. No Brasil os investimentos são escassos nesses dois setores, nem mesmo a arrecadação bruta das loterias consegue chegar ao esporte olímpico.

O fato é que o atleta brasileiro tem um enorme potencial, o que lhe falta é patrocínio, suporte financeiro: tem dificuldade em adquirir material esportivo, em participar de eventos internacionais, tem que se dividir entre o trabalho e os treinos para sobreviver.

Os poucos que conseguem entrar para o programa do Governo do Bolsa Atleta, ficam por meses a fio à espera dos recursos que lhes foram prometidos. Mais de 100 (cem) atletas classificados para os Jogos do Pan-Americano de Guadalajara receberam o calote do Ministério do Esporte. O mesmo que está sendo acusado de desvios de verbas do programa Segundo Tempo, cujo Ministro – apesar das denúncias – continua no cargo, por imposição do ex-presidente Lula da Silva. Dá pra acreditar?

O que a Presidente Dilma está esperando para exonerar o Ministro e mostrar que ex-presidente não pia no seu Governo? Como fica a credibilidade de nosso país perante os órgãos internacionais? Quem confia no gerenciamento do monstruoso orçamento destinado à realização da Copa e das Olimpíadas pelo senhor Orlando Silva? Aliás, o próprio Tribunal de Contas da União já prevê a repetição do escandaloso desmando por ocasião dos Jogos do Pan-Americano no Rio de Janeiro. O rombo nas contas, pela falta de controle, superfaturamento e desvio de verbas, irá parar no colo do Governo Federal, e por tabela no de todos os contribuintes brasileiros.

Não será campanha publicitária feita de última hora e com oportunismo, veiculada na mídia, que irá limpar a imagem do Ministro do Esporte ou amenizar a gravidade das denúncias que não param de pipocar na imprensa. Aliás, ele - Orlando Silva - sempre pareceu prestigiar mais a publicidade do que o esporte em si, haja vista que apesar da Bolsa Atleta estar emperrada desde 2010, a Agência de Publicidade que produziu os anúncios enaltecendo o programa, nos primeiros meses deste ano, havia recebido R$ 3 milhões dos R$ 44 milhões de reais disponíveis para 2011. Portanto, dinheiro para honrar o compromisso com os atletas do Pan, nunca faltou.

O que falta é gestão, competência, moralidade, ética e responsabilidade.

O esporte ajuda a divulgar o País, desenvolve novas modalidades esportivas, forma atletas, constrói novas profissões, combate o desemprego e, em última análise, é uma alternativa para tirar as crianças da rua e da pobreza. Quanto mais pessoas praticarem esporte, maior a possibilidade de ter um povo saudável, mais disciplinado, ético e bem-educado.

Tudo isso não convive em harmonia com a permanência de um Ministro à frente do Ministério do Esporte, cuja idoneidade está sob suspeição, por desvio de verbas, corrupção e recebimento de propinas. Por conta disso, a FIFA já anunciou que Orlando Silva não é mais seu interlocutor para tratar dos assuntos da Copa de 2014.

A edição da VEJA desta semana traz mais um capítulo do vergonhoso esquema de corrupção que transformou o Ministério do Esporte numa fábrica de dinheiro para o PCdoB, políticos e entidades ligadas a ele em todos os escalões, em detrimento do esporte e dos futuros atletas do nosso país. Uma vergonha!!!

As instituições democráticas, lisura e transparência devem prevalecer. E cabe a nós defendê-las. Espera-se que a Presidente Dilma, por força do cargo que ocupa, seja a guardiã dessas instituições e desses princípios, exonere Orlando Silva do cargo, e indique alguém balizado pela moral, ética e honestidade. O esporte nacional merece e clama por isso.


É chegada a hora de provarmos que SOMOS de fato CAMPEÕES.....





Shadow


Nota:

Após esticar a corda por dez (10) dias com a ajuda do Lula, nesta quinta-feira (27/10), Orlando Silva foi substituído por Aldo Rebelo no Ministério do Esporte.

Tudo seria perfeito não fosse o fato do futuro ocupante da Pasta, ser Cacique-Mor do PcdoB, Partido para onde estão indo as propinas e desvio de verbas do Ministério por meio de ONG's criadas para esse fim. A Presidente Dilma além de premiar a reprovável e má conduta desse Partido, ainda acabou fortalecendo o grupo paulista e a UNE, como Lula e Orlando Silva tanto queriam.

Trocou seis por meia dúzia! Inacreditável!!!

Pra resumir: os mesmos irão gerenciar o pacote dos 5 (cinco) bilhões de reais, aprovado em Medida Provisória pela Câmara dos Deputados, disponibilizados do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), para as cidades sedes da Copa de 2014. Isso mesmo, R$ 5 bilhões para obras do seu FGTS! Falta apenas a apreciação do Senado. Alguém duvida da sua aprovação?

Enquanto isso falta dinheiro para equipar hospitais, comprar medicamentos, macas, colchões, esparadrapo, ambulâncias; construir escolas, comprar merenda, carteiras, giz, em São Paulo ainda há crianças estudando em escolas de lata; retirar famílias de áreas de risco e de alagamento, construir casas populares com iluminação de rua e saneamento básico; combater a marginalidade e o tráfico de drogas, investir na segurança; pagar decentemente médicos, enfermeiras, professores, policiais,.... Para refletir!!!




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