sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014




DAS MANIFESTAÇÕES DA POPULAÇÃO NAS RUAS AOS BLACK BLOCS


 

Nesta segunda-feira, durante o café da manhã, ao acessar a sua home page, Tio Zuzu leu a notícia sobre a morte cerebral de seu colega, o cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão durante a manifestação no Rio de Janeiro contra o aumento das tarifas de ônibus; nesse momento sentiu como se tivesse levado um soco no estômago.
 
Repentinamente, voltou a relembrar flashes das manifestações que tomaram as ruas do país no ano passado. Tudo começou com o aumento das passagens de ônibus em São Paulo. O aumento das tarifas de ônibus de novo. Sabe-se que o pano de fundo nunca foram os R$ 0,20 a mais no preço das passagens, mas a crise política do país, após anos de desmandos, corrupção e bandalheira generalizada, cuja ponta do iceberg foi a Ação Penal 470, também conhecida como o escândalo dos Mensaleiros do PT. Somando-se a isso a total falência de políticas públicas e a falta de investimentos na melhoria da saúde, educação, segurança, moradia, transporte público, tendo como contrapartida as altas cifras e bilhões gastos com a Copa das Confederações e o Mundial de Futebol. 

Como é que os Prefeitos têm coragem de aumentar um centavo que seja nas passagens de ônibus, quando quem os utiliza fica horas no ponto esperando um carro, que quando chega, já vem superlotado; dentro do qual as pessoas são transportadas feito gado, sendo empurradas e jogadas de um lado pro outro como saco de batatas, cozinhando nos dias quentes por falta de ventilação, isso sem se falar de quando o ônibus quebra no trajeto por falta de manutenção???? 


Como é que um Presidente da República tem a ousadia de atendendo aos interesses da FIFA e das construtoras amigas, como a Odebrecht, aumentar a dívida interna do país em bilhões e esvaziar o caixa do BNDES na construção de Estádios, que amanhã serão verdadeiros elefantes brancos? Doze cidades sedes? Para que? Só para atender e alimentar sua já conhecida megalomania???? Afff.... 


Diante do descontentamento e da falta de canais políticos para levar suas reivindicações e ver atendidos seus anseios a população foi às ruas, de norte a sul do país; eram jovens, executivos, estudantes, aposentados, trabalhadores organizados e aglutinados, saídos das redes sociais, sem partido político ou lideranças, em coro cantando o hino nacional, num fenômeno social de arrepiar que deixou a classe política perplexa, em xeque e preocupada, ainda mais em véspera de ano eleitoral, num movimento que ganhou até repercussão internacional. 

O gigante teria acordado? A chama da esperança pulsava no peito do Tio Zuzu.


Após o “Movimento das Diretas Já” o povo a final estaria assumindo seu protagonismo, denunciando, exigindo mudanças, lutando por melhorias nas condições de vida, por um Brasil “padrão FIFA”? Essa seria a palavra de ordem do momento?

Não... não seria por muito tempo... 

Essa palavra de ordem começou a ser quebrada, quando em meio às manifestações e agrupamento de pessoas começaram a surgir mascarados intitulados black blocs para levar o caos, vandalismo e a destruição. Enquanto a população empunhava com orgulho a bandeira verde e amarela da República Federativa do Brasil, esses grupos encapuzados estavam a serviço de outra bandeira, a vermelha, daqueles que querem implantar a República Popular do Brasil e perpetuar-se no poder.

- Qual o intuito desses mascarados? um dia Leninha perguntou ao Tio Zuzu.
Ele, a partir de sua longa experiência política e de vida, respondeu sem vacilar: - São grupos infiltrados para esvaziar as manifestações. E ainda acrescentou: - A coisa se agravará quando houver um mártir. 
- Quem está por trás disso, tio? perguntou ela.
- Pense Leninha, são aqueles que têm a lucrar com isso... apenas pense...


Não deu outra. Meses depois ali estava o mártir, tal como ele profetizara, com um nome e um rosto estampado em todos os jornais, revistas, portais... e o pior, era alguém da imprensa, um jornalista.

Um representante dessa mesma imprensa que desde julho de 2013 vinha criticando a ação da Policia Militar diante dos black blocs, veiculando e condenando as imagens de "repressão" contra os truculentos mascarados e retratando tais ações como "abusos e despreparo da policia". Que ironia!!!

- Que se apure e se faça justiça! Esse o consenso geral hoje.

Ante a pressão do noticiário, peritos foram contratados para analisar vídeos e gravações desde a Central do Brasil ao local do confronto, a polícia investigou, o delegado prendeu, o advogado falou. Resultado: dois presos e algumas revelações impactantes e surpreendentes. Estaria havendo o aliciamento de jovens da periferia mediante pagamento em dinheiro para levar o caos e a desordem durante as manifestações, tudo bancado por deputados e partidos políticos. Até a parafernália utilizada como rojões, porretes, coktails molotov, paus seriam transportados em peruas, fornecidos e entregues aos chamados black blocs. O valor pago a cada um dos bandalheiros: R$ 150,00. 
  
- Cento e cinquenta reais o valor de uma vida, repetia com um gosto amargo Tio Zuzu; sua expressão era de desânimo e cansaço. 

Pouco mais abaixo, na mesma home page, viu outra nota, agora sobre mais um ônibus incendiado na madrugada em São Paulo. Já perdera a conta de quantos foram depredados e incendiados somente no decorrer deste ano.
 
- São tentáculos do mesmo grupo financiado pelos mesmos. Estão em todos os lugares, pensou.


Sabe-se de antemão, por declaração do próprio delegado, que as investigações e o Inquérito Policial sobre a morte do jornalista Santiago Andrade ficará restrita à punição dos dois que estão presos. Moral da história: Os verdadeiros envolvidos e responsáveis por essa morte jamais serão denunciados, processados e punidos. O episódio fica marcado para a população como “a violência e vandalismo dos manifestantes nas ruas”. Chancelada a farsa. Missão cumprida com sucesso pelos black blocs e seus patrocinadores. Ponto pra eles!!

- Infelizmente não há mais o que dizer ou defender. Estou cansado. Pensou ao levantar da cadeira.

Dirigiu-se à estante e leu o trecho em que Fernando Pessoa diz:

“O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema - o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós”.

E permaneceu em silêncio perdido em seus pensamentos...




 ... dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada Brasil!!!

Shadow/Mariasun 




Licença Creative CommonsO trabalho DAS MANIFESTAÇÕES DA POPULAÇÃO NAS RUAS AOS BLACK BLOCS de MARIASUN MONTAÑÉS está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em Cantinho da Shadow


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