MÃE, QUANDO PERTENCER É VIVER
Os laços que damos no cadarço dos sapatos, dão firmeza ao caminhar. Calçam a nossa existência. Sem eles ficamos descalços e, com o tempo, suscetíveis de nos machucar ao andar. É preciso criar laços em tudo que fazemos.
Os laços que damos no cadarço dos sapatos, dão firmeza ao caminhar. Calçam a nossa existência. Sem eles ficamos descalços e, com o tempo, suscetíveis de nos machucar ao andar. É preciso criar laços em tudo que fazemos.
Como disse Clarice Lispector: Pertencer é Viver!!
Domingo último foi o Dia
das Mães. Val ganhou da pequena Bia um belo cartão feito de cartolina, desenhado
com flores e um colorido arco-íris. Esse cartão certamente será guardado, ao lado de outros, com todo o
cuidado e carinho dentro de uma gaveta, e com o passar dos anos, ele ali estará como que a
recordar o que de fato tem valor na vida.
A data pode ter se
tornado comercial, o apelo ao consumo é grande, segundo dizem os especialistas,
depois do Natal é a segunda em faturamento, mas o afeto, aaaah... o afeto e o
vínculo da mãe com seu filho, esse não tem preço!
Quando o amor se
torna sagrado não há nada que o supere.
Vários foram os
sentimentos da Val nesse domingo, dentre eles a troca amor e ternura entre beijos e abraços com a
Bia e a imensa saudade de sua mãe, hoje no plano espiritual.
Envolvida por esse
clima de nostalgia, Val começou a ler as mensagens de felicitações que recebeu
pelo Dia das Mães, e, dentre elas, uma se destacou, a que Bela, a prima sempre
tão alheia a essas comemorações, lhe enviou. Ela trazia a foto de uma garotinha
deitada sobre um desenho no chão, com um pequeno texto:
Val, essa garotinha perdeu a mãe na guerra e, no chão frio do pátio do orfanato
desenhou com giz a figura de uma mulher. Depois se deitou sobre a ela, como a
buscar aconchego num colo que não existe
mais; tendo o cuidado de deixar os sapatinhos de fora, em respeito. O
amor tem dessas coisas, faz do outro sagrado. Em tempo: Não sei se a história de
fato é verdadeira, só sei que ela é real para milhares de crianças espalhadas
pelo mundo vítimas de guerras e de outros males. A Bia é afortunada por ter
você. Feliz Dia das Mães!!!
Val se deteve na
imagem daquela garotinha e na frase da Bela: “o amor faz do outro sagrado”. Tão
simples, tão terno, tão puro, tão denso e tão verdadeiro, pensou...
- Esse é o retrato
de uma relação que ninguém consegue explicar, concluiu.
O mundo
contemporâneo pode estar mudando seus contornos, mas o afeto entre mãe e filho,
esse, sempre será único, ímpar, insubstituível e inquebrantável. O vínculo
entre mãe e filho é para a vida toda.
Coberta por um
turbilhão de sentimentos, Val começou a falar baixinho com Da. Dirce, em oração:
- Mãe, quando estou
com a Bia lembro tanto de você! Saudades de quando me pegava no colo para acalmar
minhas inseguranças e fortalecer a minha confiança; não faz ideia da falta que me
faz. Às vezes é tão difícil acertar! Como é que a senhora sempre
sabia o que fazer? Qual era a sua fórmula secreta? Poderia ter me contado antes
de partir.
E olhando para a
imagem da menina órfã, sussurrava...
- Às vezes me sinto
como a garotinha dessa foto... Será que se a desenhar no chão, ajuda?
Se Val tivesse
prestado atenção, poderia ter ouvido uma voz falando baixinho ao seu ouvido:
- Querida filha, eu
também nunca tive certeza de nada nem uma receita pronta, apenas me deixei guiar pelo
coração.
Não importa a época ou o lugar, as mães sempre terão um lugarzinho no coração marcado pela presença delas, o cheiro, o som do riso ou o calor do abraço apertado.
Não importa a época ou o lugar, as mães sempre terão um lugarzinho no coração marcado pela presença delas, o cheiro, o som do riso ou o calor do abraço apertado.
Ao nascer temos um
colo, somos abraçados e permanecemos presos a um cordão umbilical
invisível, que nunca se rompe. “Somos o outro do outro”; para ser “um eu”, deve
haver o “outro eu”, que nos une e diferencia. Um “eu” capaz de se separar e
preservar, e um outro "eu" capaz de se entregar, que chamamos de mãe. Essa é a mágica, o cadarço que dá firmeza ao caminhar e que "calça a nossa existência".
Ainda olhando para
a emblemática foto da menina órfã, Val decidiu compartilhá-la com seus amigos no Facebook...
Ah.... essas mães sempre tão exigentes com
elas mesmas, culpadas, inseguras, focadas nas coisas negativas... tão
maravilhosamente guerreiras e intensamente amadas por seus filhos...
Shadow/Mariasun
MÃE, QUANDO PERTENCER É VIVER de MARIASUN MONTAÑÉS está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em Cantinho da Shadow.