quarta-feira, 25 de janeiro de 2017



SÃO PAULO 463 ANOS E O SEU RENASCIMENTO EM 2017


É inevitável olhar para o alto e não se admirar com os arranha-céus que parecem surgir do asfalto. Ou ignorar o ruído dos motores de carros e motos e o trânsito caótico nas diferentes artérias que cortam a cidade de cima a baixo. Ou sentir um sobressalto quando alguém se aproxima, mesmo que seja para pedir uma informação.

O fôlego dos paulistanos parece não ter fim. Andam sempre apressados pelas ruas e avenidas, numa velocidade crônica e ansiosa, como se o tempo lhes fosse faltar. Vão a caminho do trabalho, da escola, da universidade num ir e vir constante, de uma cidade que pulsa e não para de movimentar-se e de crescer.

Lembro que quando era criança, a cidade me fascinava por sua grandeza. Ficava imaginando se no Edifício Itália não haveria uma porta que ao ser aberta, permitiria que se chegasse ao céu.


Céu ao qual era possível se transportar ao entrar na imponente Catedral da Sé, o marco zero de São Paulo. Que maravilha construída em estilo neogótico!!!. Por mais que o tempo passe, não me canso de admirá-la!!!
Faz jus à grandiosidade da cidade e o badalar de seus sessenta sinos parece sempre ser um chamado para a oração e a reflexão. Ainda hoje, não consigo passar em frente sem entrar para fazer uma prece. 

Na minha infância, o ritmo da cidade não era tão acelerado, ao menos que eu me lembre. Havia sobriedade e cuidado com a coisa pública. 

Uma das lembranças mais ternas que guardo daquela época são as tardes de domingo com meus pais nos cinemas do centro para assistir aos últimos lançamentos da Disney e o costumeiro passeio pela Praça da República para ficar observando os peixinhos dourados no lago da praça (sim, havia peixinho dourados ali) e o pipoqueiro que com um sorriso maroto sempre enchia o pacotinho de pipoca um pouco mais, fazendo-o transbordar. Ah... o sabor e o cheirinho daquela pipoca, eram únicos!!!


Perto dali as lojas Mappin em frente ao Teatro Municipal e ao Viaduto do Chá. No mês de dezembro passar por lá era roteiro obrigatório, afinal  aquele era o endereço do verdadeiro Papai Noel. Sim, Papai Noel pra mim era paulistano e poderia ser encontrado pelas crianças na entrada do Mappin. A expectativa para encontrá-lo era de tirar o fôlego e o Viaduto do Chá, suspenso sobre a avenida e emoldurado por imponentes ferragens, parecia haver sido forjado especialmente para conduzir os pequeninos que acreditavam com fé no bom velhinho de barbas brancas.


Entrar pela primeira vez no Teatro Municipal para ver uma apresentação do balé de São Paulo foi algo memorável. Mármore, bronzes, colunas neoclássicas, vitrais, mosaicos, a sensação era a de estar atravessando um portal para o início do séc. XX, sentindo o glamour das sinhazinhas e da elite cafeeira que um dia por lá passou. 

Na adolescência e durante a universidade, os interesses mudaram. Comecei a explorar a cidade por mim mesma e em tribo, à medida que o metrô e os shoppings iam chegando trazendo facilidades e novas formas de lazer.

O cine Belas Artes próximo à Avenida Paulista passou a ser o ponto de encontro com os amigos, e ali a gente ficava, discutindo sobre a arte de vanguarda como forma de mudar o mundo. Quem nunca...

Próximo dali, um outro point alternativo era o MASP com exposições dos principais artistas na arte da escultura, pintura e xilogravura contemporânea e o Parque do Trianon, um convite para estar em contato com a natureza, a reflexão e a meditação. Houve uma época que naquelas árvores frondosas havia bichos-preguiça. Caminhar por lá era ter a sensação de estar sendo observado por seres elementais da natureza. Hoje, ao passear com o meu cachorro entre aquelas árvores e canteiros, ainda penso neles ao sentir a brisa ou o farfalhar das folhas.

O tempo passou e chegou o momento de apresentar a cidade ao meu filho. Lembro da sua vibração e espanto ao entrar no Zoo Safári e ver os animais da selva e dos livros tão pertinho da gente; das primeiras pedaladas e quedas da bicicleta no Parque do Ibirapuera e, do olhar de admiração ao ir pela primeira vez ao Planetário. Não é pra menos, ali nos sentimos fazendo parte do Universo e de algo muito maior. Recordo que quando era criança olhava para o céu à espera do anoitecer para ver a estrela da minha fada piscar pra mim. Creio que deveríamos olhar mais para o céu.

Rapidamente ele, meu filho, aprendeu o caminho para o Centro Cultural Vergueiro e assim passou a usufruir do acervo de livros, exposições, apresentações de música e teatro. Não chega a ser um point. O point dele e de seus amigos são os shoppings ou as disputas de futebol no Parque do Ibirapuera.

A cidade para ele não tem o mesmo encantamento que tinha e ainda tem para mim.

Está crescendo vendo nos jornais e na televisão uma cidade retratada pela violência, sendo orientado a se cuidar e a adotar medidas de segurança: não ande na rua com o celular na mão, não entre no metrô após as 22h00 pegue o UBER, não calce tênis de marca se for ao centro... As praças estão desaparecendo por trás do mato que cresce, tornando-se esconderijo para bandidos e viciados. As pontes e viadutos estão pichados e abrigando sob suas marquises mendigos e desocupados. Eu e ele deixamos de ir à Sala São Paulo, com aquela acústica primorosa e exuberante a cada apresentação sinfônica, por estar na estação Júlio Prestes, próxima à cracolândia.

Quando o governo e a mídia passaram a tratar pichação como “arte”, e, não como o lixo e delito que é (me refiro à pichação, sei diferenciar do grafite); ao tolerar a invasão de prédios públicos e escolas como um direito, e não como um crime; ao autorizar movimentos sociais como o MTST, UNE, CUT a depredar a propriedade privada, obstruir vias e incendiar ônibus, ao invés de reprimi-los; ao permitir o consumo de drogas ao ar livre e à vista de todos como algo natural (cracolândia), em lugar de tratar o assunto com a seriedade e gravidade que merece, São Paulo foi se deteriorando, enfeando e sucumbindo.

Por trás dessa política torpe da tolerância e da transgressão está a subversão de valores fundamentais, a supressão de direitos legítimos, a destruição do belo e da história da cidade, fazendo prosperar o caos, a anarquia e o crime.

Neste 25 de janeiro de 2017, olho para São Paulo da minha janela. Logo ali a Avenida Paulista tomada por bicicletas, pessoas caminhando sós, em grupo ou na companhia de seus cães. Hoje ela completa 463 anos.

O sentimento é o mesmo que trago da minha infância: encantamento e fascínio, aditivado pela esperança que a atual gestão começa a alimentar naqueles que amam esta cidade.

Em outubro do ano passado, quando fui ao Colégio Objetivo votar em João Doria, jamais imaginei que em menos de um mês, ele pudesse dar uma nova cara a São Paulo.


Com criatividade, ousadia e investindo nas parcerias o atual prefeito fez andar a fila daqueles que esperavam há anos por exames clínicos; começou a olhar para a necessidade de se cuidar de parques, estátuas, monumentos, praças, avenidas e para a instalação de banheiros públicos; podou árvores, limpou bueiros, recolheu 15 toneladas de lixo; está enxugando a Prefeitura cortando gastos desnecessários com pessoal e mordomias, como carros oficiais à disposição de servidores, arregaçando as mangas e limpando literalmente a cidade. 

Quando o atual prefeito, João Doria, se veste de gari, pega nas tintas para pintar o túnel da Nove de Julho, senta numa cadeira de rodas para testar as calçadas da cidade, faz mais que uma ação de marketing; está ilustrando que com vontade e determinação é possível realizar mudanças, está dando o exemplo, mostrando como se faz, incentivando os paulistanos a cuidarem do que é seu; está motivando centenas de fiscais a zelarem por seus muros, praças, monumentos, viadutos, por sua cidade. Cidade limpa, povo educado!!! Esse é o lema!!! É o resgate da sobriedade e da austeridade para uma São Paulo tão maltratada e esquecida nos últimos tempos.


Assim é que se administra e se cuida de uma metrópole: com disciplina, ordem e respeito à lei. Tolerância zero para os pichadores e aqueles que enfeiam, danificam o patrimônio público e depredam a cidade.

Espero, em breve, poder voltar a frequentar a Sala São Paulo, a passear pelos parques onde os seres elementais possam nos observar e o nosso olhar se deter nas árvores e nos jardins e, não no lixo; que as crianças possam nutrir e sentir o mesmo fascínio de quando eu olhava para o alto e imaginava que para além do Terraço Itália somente poderia haver o céu... acompanhar a partir de agora cada passo do renascimento desta bela e grandiosa cidade, tal qual uma Fênix.

PARABÉNS SÃO PAULO!!!





Shadow/Mariasun Montañés



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