domingo, 21 de maio de 2017







O BRASIL PÓS DELAÇÃO DA JBS



Na semana passada disse que a sensação era a de ver o Apocalipse se aproximando... nesta semana, sinto dizer, ele chegou... Tudo sempre piora por aqui, neste instante não sei o que pode ser pior que o Apocalipse... talvez o Inferno... Ao ritmo que as coisas caminham no Brasil... chegaremos lá.

Não há dia ou semana que nos aquiete. Vivemos aos sobressaltos, solavancos e espanto diante das notícias que chegam de Brasília. Deve haver uma espécie de maldição por lá. Todos os que chegam à Praça dos Três Poderes sofrem uma metamorfose assustadora, direcionando o poder que detêm para a ganância, interesses pessoais, corrupção e luxúria. Se há um inferno na terra, o endereço é a capital do país.

Os Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, com suas decisões e ações, por vezes, nos remetem aos três cavaleiros do Apocalipse: guerra, fome e morte. Executivo, o cavaleiro vermelho da guerra, o sangue do povo derramado no campo de batalha, em busca de melhores condições de vida, saúde, educação, emprego. Legislativo, o cavaleiro preto da fome, a escuridão dos conchavos obscuros feitos na calada da noite, relegando o povo à penúria diante de acordos espúrios. Judiciário, o cavaleiro amarelo da morte, o cadáver que se decompõe a cada omissão, decisão que tarda e por vezes falha, que dá a palavra final e nem sempre aplica a lei de forma igual para todos...

Opa!!! Mas os cavaleiros são quatro!!!

Verdade. Há o cavaleiro branco, o caos. Segundo as Escrituras, o mais seguido e não menos perigoso. Símbolo da falsa inocência e da paz disfarçada. Este seria a Imprensa, que se alimenta das trevas e do sensacionalismo irresponsável, para manter cativo o diabo e a audiência.

Conforme os acontecimentos se sucedem e as investigações da Lava Jato avançam, mais se evidencia como foi que chegamos à amarga estatística de 14 milhões de desempregados, à recessão, ao elevado custo de vida, à falência dos serviços públicos, ao endividamento, à excessiva carga tributária, às manifestações de rua, ao impeachment, à agonia crescente, ao desamparo e... à desesperança.

À medida que nos aproximamos dos Três Poderes da República, tudo se torna um conto de horror, uma tragédia, revelando o lado obscuro e nefasto do poder. Somos protagonistas da nossa House of Cards tupiniquim, que há muito tem mostrado um roteiro superior e mais criativo que a série original. Não tem concorrência por aqui, não. Em matéria de suspense e sordidez na política somos insuperáveis, viu Netflix!!!

Nesta semana, quarta-feira à noite, o Plantão de Notícias da Rede Globo nos surpreendeu. Em tom grave a jornalista relatava áudios que fariam a República ruir, nos quais o Presidente Michel Temer estaria conspirando contra as investigações da Lava Jato, comprando o silêncio de Eduardo Cunha por R$ 500 mil. Ele de novo: Eduardo Cunha. Mesmo preso este homem continua sendo notícia, articulando favores, recebendo propina, determinando os rumos do país. É um fenômeno!!!

Sem tardar, partidos de esquerda protocolaram pedidos de impeachment contra o Presidente no STF. As redes sociais implodiram pedindo a sua renúncia. E... o PT, CUT e afins, com suas bandeiras cor de sangue, passaram a clamar por “diretas já”.

Foi possível sentir as chamas do inferno ardendo...

Fui dormir na certeza de que a noite entre um dia e o outro, sempre ajuda a clarear as coisas...

O
 dia seguinte começou trazendo a impressão de que algo não se encaixa. 

Estaremos diante de um Cavalo de Tróia?

Penso que para entender uma crise como a que se instalou no país, deve-se ir além dos áudios e analisar os agentes e forças que a deflagraram e o que cada um tem a ganhar com a queda do Presidente.

Afinal, quem é o delator?

Joesley Batista e seu irmão Wesley, são donos da JBS Friboi, que recentemente foi alvo da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e estão sendo investigados em mais quatro Operações, anote aí para não se perder: a Sépsis, Greenfield, Cui Bono e mais recentemente, a Bullish. Ou seja, os “Reis da Carne”, tem muitas explicações a dar à Justiça. As investigações vão do pagamento de propina para a liberação de recursos do fundo de investimentos do FGTS a fraudes em fundos de pensão e irregularidades na produção e comercialização de carnes. Além da sonegação de impostos. A JBS é a segunda maior devedora da Previdência Social, com uma dívida de mais de R$ 2 bilhões.

Ao ver a sua batata assar como a do Marcelo Odebrecht, Joesley viu que não escaparia de pagar uma multa bilionária e, o pior, da prisão. Matreiro, antecipou-se e decidiu oferecer sua delação à Procuradoria Geral da República, desde que ele e seu irmão fossem perdoados de todos os crimes que cometeram. É aí que a gente começa a entender o samba: malandro é malandro, e mané é mané...

Até duas décadas atrás os irmãos Batista eram dois açougueiros de Goiás, cuidando dos açougues que o pai lhes deixou. Não chegaram a concluir o Ensino Médio, mas souberam se cercar de gente influente. Fazem parte daquele grupo de falsos “campeões nacionais” fabricados na era lulopetista, a exemplo do GrupoX de Eike Batista, para quem o caixa do BNDES estava aberto e escancarado. Tornaram-se grandes ao usar o dinheiro do Banco de Fomento para comprar concorrentes. Assim é que, enquanto o pequeno criador, microempresário, agricultor encontrava toda sorte de obstáculos, exigências e dificuldades para conseguir um mísero empréstimo que seria investido no seu humilde negócio, o BNDES investia R$ 8 bilhões em um só ano no conglomerado JBS Friboi, para destruir a concorrência. Com que objetivo? Patrocinar políticos, investir no mercado de ações e engolir pequenos e médios açougues e frigoríficos, monopolizando o setor de alimentos e hipervalorizando suas ações na Bolsa. Nos bastidores, sempre se comentou que os irmãos Batista seriam apenas testas de ferro da família da Silva, cujos sócios ocultos seriam Luis Inácio Lula da Silva e seus filhos. Os Batista não passariam, portanto, de dois laranjas. Se é verdade ou lenda urbana, creio que jamais saberemos. Mas, uma coisa é certa: os irmãos Batista sempre foram unha e carne com o Lula, tendo enriquecido e se tornado bilionários durante o seu Governo de forma nada ortodoxa.

Eles teriam capacidade para tornar a JBS “campeã nacional”?

Como já dito, tiveram a ajuda de pessoas influentes, uma delas foi a de Henrique Meirelles, atual Ministro da Fazenda. Não à toa foi poupado e tenha sido praticamente canonizado na delação de Joesley. Meirelles foi Presidente do Banco Original do grupo JBS por onde passava o dinheiro do BNDES. Tinha carta branca para agir e foi o responsável pela organização e crescimento do conglomerado, e quem abriu o mercado internacional ao grupo. Hoje a JBS possui 50 frigoríficos nos Estados Unidos.

pergunta é por que Meirelles, ex-Presidente do Banco Central e ex-Presidente Mundial do Bank Boston aceitou o convite de Joesley, sendo que seu passe na época vinha sendo disputado por grandes bancos e fundos de investimento.  Parece óbvio que não tenha sido apenas para melhorar a competitividade da empresa. Comenta-se, inclusive, que ele seja um dos sócios do conglomerado JBS Friboi.

Seguindo em frente...

O conteúdo da delação incrimina o Presidente Michel Temer?

Sob o ponto de vista político, o Governo Temer foi atingido de morte. A Procuradoria Geral da República abriu um inquérito por corrupção, obstrução e formação de organização criminosa contra o Presidente da República com base no áudio. Isso é gravíssimo, engessa o Governo e paralisa o país.

Sob o ponto de vista jurídico, o material apresentado não tem força para condená-lo, nem para afastá-lo da Presidência. O áudio que incriminaria Michel Temer não é uma prova lícita nem válida. Primeiro, porque quando foi feito, não havia uma ordem judicial. A ação controlada autorizada pelo Judiciário se deu a posteriori. Portanto, o áudio foi colhido ilicitamente. Segundo, porque conforme matéria amplamente divulgada pela imprensa, peritos judiciais atestam que o áudio é de baixa qualidade e apresenta vários cortes, o que leva a supor possa ter sido editado. Se isso se comprovar, a prova é imprestável, por apresentar vícios. A mera suspeita de ter havido edição no áudio, lhe tira a validade.

A Procuradoria Geral da República já admitiu não haver periciado o material. Aiaiaiai... esqueceu o Sr. Rodrigo Janot que quando se negocia com malandro, todo cuidado é pouco... Aliás, o notável Procurador se esqueceu de outras coisas também, como gravações de telefonemas que ele rejeitou e de inquéritos que ele não abriu num passado bem recente.

Até agora, o que incrimina Michel Temer, é haver recebido um bandido no Palácio do Jaburu à noite e fora da agenda ou de qualquer protocolo. Errou feio e está pagando por isso.

Nossos representantes e agentes públicos têm que aprender a separar a coisa pública da privada.

É comum ver pessoas públicas confraternizando com empresários até no exterior. Não dá para manter intimidade e camaradagem com quem amanhã estará pedindo favores, isenção de impostos, vantagens comerciais, privilégios em procedimentos licitatórios, contratação em obras públicas... Lembremos que o Ministro Teori Zavaski quando faleceu estava no jatinho do dono do Hotel Emiliano, iam passar o final de semana em Paraty. Este era réu em uma ação no STF. É assim que começam as trocas de favores nada republicanas, que evoluem para decisões e leis em causa própria ou de amigos.

Quem se beneficia com a delação de Joesley?

A nossa Constituição sabiamente fala em eleições indiretas no caso da destituição de Michel Temer neste momento. É sabido que em períodos de grande conturbação e instabilidade política, o que salva um país é a Lei Maior. No entanto, partidos políticos querem rasgá-la. É preciso se perguntar: a troco de quê?

Uma PEC que estabelece "diretas já", de autoria do deputado Miro Teixeira, será apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça, na próxima terça-feira, dia 23. Por que a pressa? Qual a necessidade neste momento crítico?

É aqui que o Cavalo de Tróia se materializa. 

Nele está Luís Inácio Lula da Silva, o maior beneficiado com a queda do Temer, unha e carne com Joesley Batista. Não por acaso a esquerda em coro, quer “diretas já”. Não poderia haver nada mais nefasto por ora.

Uma eleição de afogadilho pode alçar novamente ao poder o chefe da organização criminosa, que se ressente de estar perdendo força e acesso ao dinheiro que jorrava das estatais e dos cofres públicos, e de quebra, livrá-lo da condenação quase certeira do Juiz Sergio Moro. Atente-se que uma eleição hoje ainda não contará com o voto impresso, como se pretende para 2018, ficando à mercê da vulnerabilidade das urnas eletrônicas, que não permitem auditoria.

E tem mais. Feito isso, escrevam: as eleições de 2018 serão canceladas. Já há um movimento para se unificar com as de Prefeito e Vereadores, prorrogando o pleito para 2020. Este sim será um golpe contra a República com a consolidação do Foro São Paulo.

Portanto, a mobilização é por DIRETAS NÃO!!! Respeite-se a Constituição!!!

Por que a Rede Globo divulgou com exclusividade os áudios e apoia as “diretas já”?

Com o advento da TV a Cabo, internet, Netflix, Redes Sociais, a Rede Globo foi acumulando prejuízos, queda de audiência e perda de anunciantes.

Vale lembrar que a JBS Friboi é a sua terceira maior anunciante, contando inclusive com a prata da casa na divulgação de seus produtos, como Toni Ramos, Ana Maria Braga e Fátima Bernardes. A emissora de Jacarepaguá depende da JBS para manter a sua programação no ar. Por ocasião da Operação Carne Fraca, a JBS amargou prejuízos, o que também refletiu na emissora. Não foi por outro motivo que em seus telejornais, não poupou críticas veladas e minimizou o problema para desacreditar a Operação da Polícia Federal.

Até onde se sabe, a Globo hoje é uma empresa deficitária, com altos custos e dívidas bilionárias em impostos. Em vários círculos corre a narrativa de que será vendida. Tudo sinaliza para isso: paralisou os investimentos, distribuiu dividendos aos seus acionistas e está saneando o quadro de funcionários. Mas, ela precisa que a lei mude. A lei atual proíbe que empresas de telecomunicação sejam vendidas a grupos estrangeiros, os únicos com cacife e capacidade econômica para comprar uma emissora do porte da Rede Globo.

Ao contribuir para derrubar Michel Temer por meio de uma propaganda subliminar odienta e raivosa, como já fez com Fernando Collor de Mello, cria-se uma possível linha de negociação e coalizão política com o grupo que assumir o poder, para inclusive a mudança da lei. Afinal, tudo é uma via de duas mãos na política. Estamos cansados de ver isso.

Quem lucrou até aqui com a delação?

Aquele que tirou a sorte grande ao incendiar o país foi Joesley Batista. Além da anistia ampla geral e irrestrita por todos os seus crimes, enriqueceu mais ainda com a delação. Um dia antes da divulgação comprou no mercado de câmbio um bilhão de dólares e negociou na Bolsa de Valores as ações de sua empresa, sabedor que no dia seguinte, o dólar subiria e as ações despencariam; em questão de horas fez a operação inversa, faturando assim bilhões no mercado mobiliário, muito mais que a reles multa de R$ 225 milhões, aplicada a ele pelo generoso Rodrigo Janot.

Já quanto à multa de R$ 11 bilhões (valor que equivale a 5,8% do que o grupo faturou em 2016, dinheiro do BNDES, diga-se), arbitrada pelo MPF para fechar o acordo de leniência com a JBS Friboi, não foi aceita, tendo sido oferecido pelo grupo R$ 1 bilhão. Do jeito que a coisa caminha, pode ser que ele acabe pagando o equivalente a um cafezinho, enquanto desfruta da liberdade, sem qualquer culpa ou remorso, e das comodidades de um luxuoso apartamento na 5th Avenue, em Nova Iorque. Apartamento adquirido com o dinheiro do povo brasileiro.

Vê-se, portanto, que a Procuradoria Geral da República inovou ao criar um novo benefício aos delatores: o crime premiado!!! Fique claro que Joesley e seu irmão são cúmplices pelo maior assalto aos cofres do BNDES e Fundos de Pensão na história deste país.

Outro que lucra é Luís Inácio Lula da Silva, uma vez que, a delação de Joesley com a queda de Michel Temer, equivocadamente nivela o PT a todos os demais partidos, como se o nível de responsabilidade pela ruína de um gigante como o Brasil fosse a mesma. NÃO É!!!

Embora a roubalheira e a corrupção, com malas de dinheiro indo de lá pra cá de cá pra lá, sejam “sistêmicas” e hoje façam parte do jogo político e do funcionamento das instituições no Brasil, é preciso não perder de vista quem era o comandante máximo da corrupção, responsável direto pela derrama e lavagem de dinheiro, inclusive a outros países da América Latina e África.

A roubalheira no Brasil é parte de um quadro muito maior. O esquema de propinocracia visa manter os demais partidos quietos e satisfeitos, enquanto o Foro São Paulo avança e um projeto criminoso bolivariano de poder é implantado, tal qual em Cuba e na Venezuela. Um esquema de corrupção desenvolvido para ter o controle das instituições corrompidas, perpetuando o PT e as esquerdas no poder por meio da promoção da escola com partido, destruição da cultura e da família, desprezo à religião e valores religiosos, integração dos Países da América Latina com repúdio aos Estados Unidos e Europa, centralização e enriquecimento ilícito.

É isso que está em jogo neste momento crítico. Chegaremos ao inferno?!?



Nada a temer senão o correr da luta Nada a fazer senão esquecer o medo Abrir o peito a força, numa procura Fugir as armadilhas da mata escura...  

Shadow/Mariasun Montañés  
 
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