quinta-feira, 29 de março de 2012



MILLÔR FERNANDES SE FOI. E AGORA?




Várias foram as homenagens a Millôr nas redes sociais, imprensa, sites destacando sua indiscutível e significativa atuação no panorama cultural brasileiro. Não vou ficar repetindo o que é incontestável: seu singular humor ácido, humanismo, brilhantismo, mesclado com um refinado ceticismo do homem e do mundo. Sem que ceticismo seja confundido com pessimismo, como fazia questão de destacar. A esse respeito disse certa vez:

“Ceticismo é a indagação permanente - que leva à criatividade. É o contrário do babaca, que é o idealista perene”.

“Há a babaquice inerradicável do intelectual brasileiro. Ora, o intelectual brasileiro é até hoje um provinciano que acha bonitinho ir à televisão e aparecer. Acha bonitinho escrever nos jornais”.

Carioca da gema escreveu em várias revistas daquelas bem antigas, como O CRUZEIRO, imagine, o homem nasceu em 1924! Um autêntico leonino do dia 16 de agosto. Mas também fez das suas em O PASQUIM, o “anti-Jornal” da época da ditadura. Além de ter escrito várias peças de teatro e ser um ótimo desenhista de traço peculiar, enfim um artista completo! Um dos mais perspicazes e respeitados intelectuais do nosso tempo!

“Eu também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto”.

Multifacetado, obteve sucesso de crítica e de público em todos os gêneros em que se aventurou, como em seus trabalhos de ilustração, tradução e dramaturgia, sendo várias vezes premiado. Ficou conhecido pelo vigor de seus textos ora contundentes ora cheios de humor e, acima de tudo críticos, por serem cáusticos, despertando um olhar cínico para a realidade, e atestando ao leitor: É isso mesmo!

“O otimista não sabe o que o espera”

Com ele se foi o porta-voz que disparava, da sua “Torre de Marfim” em Ipanema, petardos contra a vulgaridade e mediocridade, mesmo já velhinho e com a saúde da frágil. Seu alvo favorito era a política, mas a TV também não escapou de seus ataques, para ele, um meio inventado pelo homem medíocre para ser utilizado pela mediocridade para a mediocridade”.

Ás vezes você está discutindo com um imbecil... e ele também”.

Com a morte do Millôr um capítulo da História se fecha. Nem nos recuperamos da morte de Chico Anysio e lá se vai Millôr Fernandes, outra referência do humor refinado.

Quem virá para colocar as coisas em perspectiva? Para o bem ou para o mal, com a clareza com que ele as pensava?

“Nascer estadista em país subdesenvolvido é como nascer com um tremendo talento de violinista numa tribo que só conhece a percussão”. Quem irá colocar a boca no trombone agora???

Certa vez, no Pasquim, ele definiu o homem como um bípede inviável. Não Millôr, engano seu! Você era um homem viável!!!





Shadow/Mariasun



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