quarta-feira, 31 de março de 2010



FIM DO BBB E O OUTONO DE
MARIA RITA




O BBB deixou um enorme vazio em Maria Rita. A partir de agora o número de acessos em seu blog iria diminuir, Dourado - o grande campeão - não estaria mais vinte e quatro horas em sua telinha, acabaram a vigília, as noites mal dormidas e as refeições ligeiras. Todos os anos é assim.

Mas, este ano veio com um ingrediente novo, um gosto amargo de decepção. A net entrou no BBB para ficar, no entanto, sente que a cada ano está ficando mais cruel. Agora, Candinha, se dá conta de que a blogosfera está rachada, por conta da desagregação e do ódio que se apossou de pessoas que ela até respeitava, mas cujos blogs se tornaram monstruosos Tribunais de Exceção (apesar de se autodenominarem democráticos), tendo em suas fileiras comentaristas diariamente prontos para a violência e o linchamento de quem não conhecem. Pessoas sem rosto, sem compromisso com o que escrevem, sem uma vida própria. Ela conquistou novos seguidores e perdeu outros, inclusive o Kaká.

Para espairecer e recuperar as forças foi até a janela, manhã fria em São Paulo, deteve-se ao ver as flores de Quaresmeira caídas no chão. Sinal de que o outono havia chegado e o seu aniversário também.

“Hoje gostaria de ser uma folha para ser carregada pelo vento”, pensou.

Adorava as festas de aniversário quando criança, ficava dias e dias entretendo-se com os preparativos. Apesar do bolo ser o mesmo todos os anos, o Floresta Negra (seu preferido) tinha sempre um gosto diferente. Não precisava convidar ninguém, as pessoas iam simplesmente aparecendo, cada uma com um presentinho na mão. Em um canto ficavam os adultos jogando conversa fora, no outro as crianças brincando. Era a vida respingando a eternidade, transbordando simplicidade, alegria e amizade. Não fosse a prima Alicinha a querer tomar-lhe a frente para soprar as velinhas, poderia dizer-se que tudo era perfeito.

“Hoje não queria pensar em nada, apenas ser levada pelo vento. Ser uma folha e nada mais.”

O telefone interrompeu esse seu devaneio. Era Alicinha, aparecendo nos momentos mais inoportunos, como sempre aliás. Sugeriu irem comemorar com a turma, no final da tarde, o aniversário de Maria Rita no boliche. Por que não, poderia ser divertido! No entanto, ficou de dar a resposta.

“Se uma folha eu fosse, seria levada pelo vento, roçaria nas árvores para sentir-lhes o frescor, tentaria acompanhar o leve bater de asas dos pássaros e me deixaria seduzir pelo suave toque da brisa em meu corpo.

Foi quando achou melhor atualizar o blog. Na mensagem mencionou que era o dia de seu aniversário e postou o vídeo:



Lembrou que quando era menina adorava andar de bicicleta sempre contra o vento, quando este soprava em seu rosto soltava os braços do guidão e os abria enquanto
pedalava indo ao seu encontro, sentindo as mechas de cabelo serem jogadas para trás como num primeiro ato que antecedesse ao voo, “Eu já sonhava em ser folha”, percebeu.

“ Se pudesse e uma folha eu fosse, pegaria carona na corrente mais forte para subir cada vez mais alto, e assim ficar mais perto do céu, até pousar para descansar numa nuvem de algodão”.

Foi então que olhou fixamente para o vaso de flores vazio. Nos últimos anos, nessa data, sempre amanhecera com lindas e coloridas flores do campo trazidas pelo Kaká. Consolou-se dizendo que as flores no vaso sempre morrem, e que o melhor é ficarem no jardim, pois ali é o seu lugar.

Num ímpeto resolveu passar o dia fora, afinal há três meses não fazia isso. Enquanto caminhava olhava para a rua e as pessoas, tudo lhe parecia estranho, pessoas passavam por ela, mas se sentia invisível no meio daqueles rostos anônimos que cruzavam apressados em várias direções. Então resolveu fazer uma parada, foi ao cabeleireiro. Naquele porto seguro pôde extravassar todas as emoções do último dia do BBB, falou sem parar, até parecia a Maroca brincaram alguns. Depois, passou no shopping e resolveu comprar um vestido novo. Mas vestido sem sapato que combine não tem graça, então comprou um par de sapatos e de quebra alguns acessórios. Era a vida voltando. De lá telefonou pra prima Alicinha confirmando o boliche.

Quando chegou ao encontro, a turma já estava à sua espera. Foi recebida com um carinhoso “Parabéns pra Você” tentou segurar as lágrimas, mas não deu. Pessoas emotivas são assim. Fizeram duplas, Alicinha quis ser o seu par. Justo quem, a Rainha da Canaleta! Não teve como esquivar-se. Se tem alguém que não nasceu pro esporte é ela: ou a bola escorrega de sua mão, ou lhe falta força, ou não tem o menor senso de direção, e pra piorar, sempre termina reclamando que a bola é pesada, que a pista é inclinada ou tem defeito. Seu maior talento é falar da vida alheia (aliás, o que mais gosta de fazer).

Em seu íntimo não via a hora de voltar pra casa, ainda mais depois que Alicinha, sem querer ou ter intenção, disse que Kaká estaria de teretetê com uma internauta, preenchendo o tempo livre twittando com a dita cuja. Foi o quanto bastou para Maria Rita fazer a pior jogada de sua vida (sendo apenas superada por Alicinha, claro), todos permaneceram em respeitoso silêncio enquanto a bola rumava mansa e certeira para a canaleta, rolando lenta e debochada até desaparecer no final da pista, tal qual os sonhos de Maria Rita. Não é preciso dizer a dupla que ficou na lanterna. E pensar que Maria Rita e Kaká sempre foram invencíveis!

Antes de chegar em casa comprou um lindo arranjo de flores artificiais, parou na padaria e comprou o Floresta Negra de sua infância. Ajeitou o arranjo no vaso de flores (antes vazio) ao lado do bolo. Arrumou-se no melhor estilo, com o vestido e os sapatos que comprara, e sentou à mesa. Assim permaneceu por algum tempo, quieta, contemplativa, ausente como uma folha que acaba de ser carregada pelo vento.

Até que decidiu cortar uma enorme fatia de bolo, e ao mesmo tempo, acessar o “Candinha de CORPO E ALMA”. No blog, uma mensagem chamou a sua atenção, era um tal de Kadu (não o Kadu do BBB, outro).

Ele tinha aparecido por lá do nada. Era o sujeito mais esquisito do mundo. Se o post era sobre o Dicesar, ele falava de sua tia Sebastiana. Se era sobre a Lia, ele falava de sua prima atrevida e mandona (toda família tem uma). Se era sobre o Serginho, ele falava do Carnaval em que se vestiu de colombinada com um amigo. Se era sobre o Dourado, ele falava de sua viagem ao Caribe e do sucesso que fez com o seu corpo dourado em pleno inverno paulista. Uma vez ela lhe perguntou, qual era seu brother preferido, respondeu que não torcia pra ninguém, apenas que vencesse o melhor e quem mais precissasse. Em outra ocasião, lhe perguntou por que continuava a frequentar o blog já que ele não estava nem aí pro BBB e aquela não era a sua praia. Sem rodeios respondeu que gostava dos posts dela. Apesar de ser um peixe fora d’água naquele meio bbbdiano, uma coisa era certa, ele havia conseguido chamar a sua atenção e aguçar-lhe a curiosidade. Este é o vídeo que ele lhe mandou pelo Echo:





Em baixo acrescentou...




Sou apenas um Catador de Vento. Feliz Aniversário!!!


Há quem jure que o Kadú na verdade é o Kaká.
Será?





Esta é também a minha homenagem ao
OUTONO, a estação que nos faz olhar para as árvores, observar em silêncio as folhas caindo e serem levadas delicadamente pelo vento. Sabemos que há um propósito nisso tudo, o de torná-las mais fortes, permitindo que novas folhas possam brotar em seus galhos para que se tornem mais frondosas e sua sombra possa ser mais acolhedora. A estação cujo vento parece sussurrar, você também é como as árvores.


Todos que passarem por aqui tenham uma Deliciosa e Feliz Páscoa !!!!

Abraços,

Shadow/Mariasun





Creative Commons LicenseCreative Commons License
FIM DO BBB E O OUTONO DE MARIA RITA de MARIASUN MONTAÑÉS é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-No Derivative Works 3.0 Brasil.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...