sexta-feira, 24 de maio de 2013





O AMOR DO SOL E DA LUA






A lenda do Sol e da Lua é uma das mais belas e tristes histórias de amor já contadas. Ela começa assim:
Quando o Sol e a Lua se encontraram pela primeira vez, se apaixonaram perdidamente e a partir daí começaram a viver um grande amor. Era uma época em que o mundo ainda não existia e no dia em que Deus resolveu criá-lo, deu-lhes como toque final... O brilho:
- Você Lua, iluminará as noites frias e quentes, e encantará os namorados. Você Sol, será o mais importante dos astros e iluminará a terra durante o dia, fornecendo calor aos seres vivos.
Ficou então decidido que o Sol iluminaria o dia e que a Lua iluminaria a noite, estando condenados a viver separados. Quando souberam que nunca mais se encontrariam, abateu-se sobre eles uma grande tristeza.
A Lua foi ficando cada vez mais amargurada com seu destino, chorou e chorou por dias a fio... E foi se tornando cada vez mais solitária. O Sol por sua vez havia ganhado um título de nobreza, ele seria o "Astro Rei", mas isso também não era o bastante para fazê-lo feliz.
Ao ver o sofrimento da Lua, o Sol decidiu fazer um pedido a Deus:
- Senhor, ajude a Lua. Ela é mais frágil do que eu, não suportará a solidão!
Foi então que Deus criou as estrelas para lhe fazer companhia. A Lua, quando está muito triste e sentindo-se só recorre às estrelas, que fazem de tudo para consolá-la, mas quase sempre não conseguem.
Hoje eles vivem separados, o Sol fingindo que é feliz e a Lua sem conseguir esconder sua tristeza. O Sol ainda esquenta uma grande paixão pela Lua, enquanto ela ainda vive na escuridão da saudade.
Dizem que por ordem de Deus a Lua deveria ser cheia e luminosa, mas ela não consegue; quando está feliz consegue ser cheia, mas quando infeliz é minguante e quando minguante nem sequer é possível ver o seu brilho.
Sol e Lua seguem seu destino, ele solitário, mas forte. Ela acompanhada das estrelas, mas feita de fases.
Acontece que Deus decidiu que nenhum amor nesse mundo seria de todo impossível. Nem mesmo o do Sol e da Lua... E foi assim que ele criou o eclipse, para que pudessem se encontrar.
Hoje Sol e Lua vivem da espera desse instante, desses raros momentos que lhes foram concedidos e que custam tanto a acontecer.
Quando você olhar para o céu a partir de agora e vir que o Sol encobriu a Lua é porque ele se deitou sobre ela e começaram a se amar. Ao ato desse amor é que se deu o nome de eclipse. O brilho dessa paixão é tão grande que, nesse momento, é aconselhável não se olhar para o céu. Seus olhos podem cegar ao ver tanto amor.
A lenda do Sol e da Lua fala de um amor universal, intuído e desejado por duas almas que estão intimamente ligadas.
Que amor é esse? Como defini-lo? Como tocá-lo?
De todas as definições possíveis, talvez a que mais se aproxime seja aquela que diz que o amor é sentimento, a viva afeição que nos impele a querer estar ao lado de alguém, compartilhar do mesmo ar, experiências e momentos, resultado de uma clara inclinação da alma e desejo incontido do coração. Tal qual o amor imortal do Sol e da Lua.
Isso mesmo: imortal. O amor eterno e universal que por vezes nos arrebata e nos leva a caminhar juntos na imortalidade, forever, como um ímã que atrai.
Como tocá-lo? Quando duas pessoas se conhecem, se ajudam e compartilham momentos, sua aura se intensifica e passa a brilhar mais intensamente. Essa é a forma com que o amor pode ser tocado, por meio da aura. Almas gêmeas? Talvez. Mas nunca duas metades. A alma é única, exclusiva, inteira, embora busque incessante e incansavelmente a outra.
Pessoas tão intimamente ligadas obrigatoriamente se encontram ou estão condenadas a viver como o Sol e a Lua?
Nada é por acaso. Almas que estão conectadas e destinadas a se encontrar, talvez não se reconheçam de imediato mas, com certeza, irão sentir uma empatia inexplicável, uma simpatia ímpar, algo que surge de forma doce e suave, lenta e intensamente; poderão estudar e trabalhar juntas e, com o tempo, até formar uma família, ajudando-se no crescimento mútuo e profundo; ou, poderão optar por seguir o afeto de perto como um “anjo de guarda” ou como estrelas que amparam e iluminam o caminho. É possível também que, assim como o Sol e a Lua, por força do destino, estejam predestinadas a nunca se encontrarem, construindo uma vida paralela com outras pessoas, e vez ou outra, para aliviar a saudade acabem se encontrando por meio de visitas em espírito, na forma de sonhos, o seu eclipse. A única certeza é que não se esquecem, uma vez que, o elo que as une é imortal.
No plano espiritual somos como o Sol e a Lua, o sentimento é pleno, consciente, sabemos quem é o alvo de nosso afeto e dedicação, embora não deixemos de amar fraternalmente outras pessoas ou estrelas que caminham e brilham ao nosso lado.
                                                                                                  
 Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas
antes mesmo que os corpos se vejam... (Paulo Coelho)

 Shadow/Mariasun
 
Licença Creative CommonsO trabalho O AMOR DO SOL E DA LUA de MARIASUN MONTAÑÉS foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.


quarta-feira, 15 de maio de 2013





DE SALVE JORGE A LOST


  
Desde que a televisão chegou ao Brasil, as novelas tem sido um segmento importante dentro do entretenimento. Ocorre que, hoje, apesar da boa qualidade de atores, direção, cenários, locações... as novelas não são mais uma unanimidade nacional.
Por que isso está acontecendo? O perfil de quem assiste mudou? A culpa é dos autores que estão em crise de criatividade, repetindo as mesmas coisas que o público já cansou de ver na telinha? O povo criou juízo e não dá mais bola pros clichês e historinhas com final feliz? Será culpa de uma concorrência que a televisão nunca teve, representada pela net e TV a cabo?
A novela das oito ao longo de sua história tem sido um termômetro e parâmetro de audiência. Hoje, Salve Jorge, novela da conceituadíssima Glória Perez, amarga a menor audiência dos últimos dezoito folhetins no horário.
Muito tem se especulado sobre esse índice, uma desgastante guerra tem se travado entre a autora e críticos no twitter, e a pergunta que fica é: Por que Salve Jorge vive esse momento?

As causas estão na trama? Caminho das Índias, O Clone e América tiveram a mesma temática, situando a história em outros países, mas seu sucesso foi estrondoso, como o foi Caminho da Índias! Então por que Salve Jorge não chegou nem perto?
Acredito que embora a autora seja a mesma, elas não tem comparação. Cada uma é uma obra única, e, indiscutivelmente o enredo das anteriores era superior ao da atual. Nesta focou-se demais no tráfico de mulheres e de crianças, sequestros. Esquecendo que a realidade já é bastante dura e violenta no mundo e no nosso cotidiano.
As pessoas ao chegarem em casa, depois de um dia de trabalho ou estudo, querem espairecer e entretenimento.  Salve Jorge tem um clima cinza e depressivo desde o início. A bela cultura e paragens da Turquia pouco são exploradas e mostradas, e quando o são, o fazem de forma solta e aleatória. Do nada aparece uma cigana dançando em uma montanha da Capadócia e a seguir a cena é cortada pra mostrar a delegada Helô no Brasil; os personagens deslocam-se entre Rio e Istambul, como se o fizessem entre Rio e Petrópolis. E, em meio a isso, o tráfico humano. Não discuto que dentro de um folhetim não possa haver informação ou questões de cunho social, mas, além do tráfico, o que a história oferece? Nada. Somente mais do mesmo.
São quatro ou cinco intervalos comerciais e na volta, a mesma coisa: o tráfico de pessoas. A trama fica patinando entre uma traficada que abandona o noivo às vésperas do casamento, foge do cativeiro e é capturada, foge novamente e consegue voltar ao Brasil, volta pra Turquia sem denunciar ninguém, foge pra Capadócia e volta ao Brasil, resolve voltar ao tráfico na Turquia abandonando os filhos, inclusive um bebe.... Isso é o resumo do que aconteceu até aqui nesses meses todos. Não é por acaso que personagens foram desaparecendo da trama ou morrendo.
O casal Drica e Pepeu, por exemplo, interpretados por Mariana Rios e Ivan Mendes, dois talentos da nova geração, poderiam ter sido melhor aproveitados, como o jovem casal imaturo, que não está preparado para conduzir sua vida com esforço e trabalho, e, muito menos, para o casamento. O mordomo Thompson, mais pra lorde inglês, vivido pelo talentosíssimo Odilon Wagner, poderia ter rendido boas risadas, assim como a Da. Leonor, de Nicette Bruno e sua cachorrinha Emily... Histórias que se perderam e não aconteceram, dentre outras.
E pra piorar, Salve Jorge começa logo depois do Jornal Nacional, que já tem bastante notícia ruim e cada vez mais policialesca. Ninguém aguenta mais ficar assistindo tanta violência e matéria depressiva na televisão. Onde foram parar as coisas alegres e divertidas da programação? Será verdade essa história de que notícia ruim dá ibope e alavanca a audiência?
Onde estão os enredos interessantes que nos faziam ficar grudados na tela da televisão?!? Migraram pra TV a cabo. As grandes redes não disputam mais a audiência apenas entre si. Fato!
Indiscutivelmente, outra forma de diversão está ganhando espaço contrapondo-se aos folhetins longos demais e repetitivos. Não é à toa que o público das novelas tem debandando para os seriados, mais ágeis e atrativos, com tramas e histórias diferenciadas e personagens bem delineados e definidos desde o primeiro capítulo, para cativar o público.
As séries tem a vantagem de não serem previsíveis nem cansativas, uma vez que o formato-padrão por temporada é de 24 episódios, ficando a critério de quem assiste escolher o gênero que quer ver: policial, ação, humor, romance...  Se a temporada agrada o espectador, são feitas novas temporadas. Se uma temporada não agrada, a série é cancelada. Quando a novela está em baixa, ao contrário, algo é feito para movimentar a trama: um personagem é escalado pra dançar o CONGA CONGA, participações especiais são contratadas... mas, na essência continua a mesma coisa.
Uma série pode durar anos como ER e LAW & ORDER, ou tornar-se uma febre, inclusive nas redes sociais, como HOUSE e LOST.
O fato é que o público está mais exigente e cada vez mais seduzido por uma programação segmentada.
Estima-se que, hoje, um a cada quatro telespectadores não assiste mais novelas. Um quarto do total de pessoas que ligam seus televisores, o fazem para assistir canais a pago ou pequenas emissoras, criando assim o fenômeno de audiência fragmentada.
A ascensão social e o maior acesso a aparelhos de DVD e videogames e o crescimento vertiginoso da TV paga explicam essa nova realidade.




Shadow/Mariasun



Licença Creative CommonsO trabalho DE SALVE JORGE A LOST de MARIASUN MONTAÑÉS foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

quarta-feira, 8 de maio de 2013





 MÃE É MÃE: MENTIRA





Vamos esclarecer alguns pontos sobre mães, ok? Desconstruir alguns mitos. Não, não precisa se preocupar. Não é nada ofensivo...

Vamos lá:
Mãe é mãe: Mentira !!!

Mãe foi mãe, mas já faz um tempão! Agora mãe é um monte de coisas: é atleta, atriz, é superstar. Mãe agora é pediatra, psicóloga, motorista. Também é cozinheira e lavadeira. Pode ser política, até ditadora, não tem outro jeito.

Mãe às vezes também é pai. Sustenta a casa, toma conta de tudo, está jogando um bolão.

Mãe pode ser irmã: empresta roupa, vai a shows de rock e pra desespero de algumas filhas, entra na briga por um namorado.

Mãe é avó: moderníssima, antenadíssima, não fica mais em cadeira de balanço, se quiser também namora, trabalha, adora dançar.

Mãe pode ser destaque de escola de samba, guarda de trânsito, campeã de aeróbica, mergulhadora.

Só não é santa, a não ser que você acredite em milagres.

Mãe já foi mãe, agora é mãe também.

Mãe é uma só: Mentira !!!

Sabe por quê? Claro que sabe!

Toda criança tem uma avó que participa, dá colo, está lá quando é preciso. De certa forma, tem duas mães. Tem aquela moça, a babá, que mima, brinca, cuida. Uma mãe de reserva, que fica no banco, mas tem seus dias de titular. 

E outras mulheres que prestam uma ajuda valiosa. Uma médica que salva uma vida, uma fisioterapeuta que corrige uma deficiência, uma advogada que liberta um inocente, todas são um pouco mães.

Até a maga do feminismo, Camille Paglia, que só conheceu instinto maternal por fotografia, admitiu uma vez que lecionar não deixa de ser uma forma de exercer a maternidade.

O certo então, seria dizer: Mãe, todos têm pelo menos uma.

Ser mãe é padecer no paraíso: Mentira!

Que paraíso, cara-pálida? Paraíso é o Taiti, paraíso é a Grécia, é Bora-Bora, onde crianças não entram.

Cara, estamos falando da vida real, que é ótima muitas vezes, e aborrecida outras tantas, vamos combinar.

Quanto a padecer, é bobagem. Tem coisas muito piores do que acordar de madrugada no inverno pra amamentar o bebê, trocar a fralda e fazer arrotar. Por exemplo? Ficar de madrugada esperando o filho ou filha adolescente voltar da festa na casa de um amigo que você nunca ouviu falar, num sítio que você não tem a mínima ideia de onde fica. Aí a barra é pesada, pode crer...

Maternidade é a missão de toda mulher: Mentira !!!

Maternidade não é serviço militar obrigatório, caraca! Deus nos deu um útero mas o diabo nos deu poder de escolha. Como já disse o Vinicius: filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabê-los? Vinicius era homem e tinha as mesmas dúvidas.

Não tê-los não é o problema, o problema é descartar essa experiência.

Como eu preferi não deixar nada pendente pra a próxima encarnação, vivi e estou vivendo tudo o que eu acho que vale a pena nesta vida mesmo, que é pequena mas tem bastante espaço.

Mas acredito piamente que uma mulher pode perfeitamente ser feliz sem filhos, assim como uma mãe padrão, dessas que têm umas seis crianças na barra da saia, pode ser feliz sem nunca ter conhecido Paris, sem nunca ter mergulhado no Caribe, sem nunca ter lido um poema de Fernando Pessoa.

É difícil, mas acontece.

Mamãe, eu quero: Verdade!

Você pode não querer ser uma, mas não conheço ninguém que não queira a sua.

(Martha Medeiros)



A todas as minhas amigas... aquela que é mãe, aquela que pretende ser mãe, aquela que tem a mãe ao seu lado ou no coração...

UM FELIZ DIA DAS MÃES !!!!


Shadow/Mariasun


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