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DE SALVE JORGE A LOST
Desde que a televisão chegou ao Brasil, as novelas tem sido um segmento importante dentro do entretenimento. Ocorre que, hoje, apesar da boa qualidade de atores, direção, cenários, locações... as novelas não são mais uma unanimidade nacional.
Por que isso está acontecendo? O perfil de quem assiste mudou? A culpa
é dos autores que estão em crise de criatividade, repetindo as mesmas coisas
que o público já cansou de ver na telinha? O povo criou juízo e não dá mais
bola pros clichês e historinhas com final feliz? Será culpa de uma concorrência
que a televisão nunca teve, representada pela net e TV a cabo?
A novela das oito ao longo de sua
história tem sido um termômetro e parâmetro de audiência. Hoje, Salve Jorge, novela da conceituadíssima Glória Perez, amarga a menor audiência dos
últimos dezoito folhetins no horário.
Muito tem se especulado sobre esse
índice, uma desgastante guerra tem se travado entre a autora e críticos no
twitter, e a pergunta que fica é: Por que Salve Jorge vive esse
momento?
As causas estão na trama? Caminho das Índias, O Clone e América tiveram a mesma temática, situando a história em
outros países, mas seu sucesso foi estrondoso, como o foi Caminho da Índias! Então por que Salve Jorge não chegou nem perto?
Acredito que embora a autora seja a
mesma, elas não tem comparação. Cada uma é uma obra única, e, indiscutivelmente
o enredo das anteriores era superior ao da atual. Nesta focou-se demais no
tráfico de mulheres e de crianças, sequestros. Esquecendo que a realidade já é bastante
dura e violenta no mundo e no nosso cotidiano.
As pessoas ao chegarem em casa, depois
de um dia de trabalho ou estudo, querem espairecer e entretenimento. Salve Jorge tem um clima cinza e
depressivo desde o início. A bela cultura e paragens da Turquia
pouco são exploradas e mostradas, e quando o são, o fazem de forma solta e
aleatória. Do nada aparece uma cigana dançando em uma montanha da Capadócia e a
seguir a cena é cortada pra mostrar a delegada Helô no Brasil; os personagens
deslocam-se entre Rio e Istambul, como se o fizessem entre Rio e Petrópolis. E,
em meio a isso, o tráfico humano. Não discuto que dentro de um folhetim não
possa haver informação ou questões de cunho social, mas, além do tráfico, o que
a história oferece? Nada. Somente mais do mesmo.
São quatro ou cinco intervalos
comerciais e na volta, a mesma coisa: o tráfico de pessoas. A trama fica
patinando entre uma traficada que abandona o noivo às vésperas do casamento,
foge do cativeiro e é capturada, foge novamente e consegue voltar ao Brasil, volta
pra Turquia sem denunciar ninguém, foge pra Capadócia e volta ao Brasil,
resolve voltar ao tráfico na Turquia abandonando os filhos, inclusive um
bebe.... Isso é o resumo do que aconteceu até aqui nesses meses todos. Não é
por acaso que personagens foram desaparecendo da trama ou morrendo.
O casal Drica e Pepeu, por exemplo,
interpretados por Mariana Rios e Ivan Mendes, dois talentos da nova geração,
poderiam ter sido melhor aproveitados, como o jovem casal imaturo, que não está
preparado para conduzir sua vida com esforço e trabalho, e, muito menos, para o
casamento. O mordomo Thompson, mais pra lorde inglês, vivido pelo
talentosíssimo Odilon Wagner, poderia ter rendido boas risadas, assim como a
Da. Leonor, de Nicette Bruno e sua cachorrinha Emily... Histórias que se perderam e não aconteceram, dentre outras.
E pra piorar, Salve Jorge começa logo
depois do Jornal Nacional, que já tem bastante notícia ruim e cada vez mais
policialesca. Ninguém aguenta mais ficar assistindo tanta violência e matéria
depressiva na televisão. Onde foram parar as coisas alegres e
divertidas da programação? Será verdade essa história de que
notícia ruim dá ibope e alavanca a audiência?
Onde estão os enredos interessantes que
nos faziam ficar grudados na tela da televisão?!? Migraram
pra TV a cabo. As grandes redes não disputam mais a
audiência apenas entre si. Fato!
Indiscutivelmente, outra forma de
diversão está ganhando espaço contrapondo-se aos folhetins longos demais e
repetitivos. Não é à toa que o público das novelas tem debandando para os
seriados, mais ágeis e atrativos, com tramas e histórias diferenciadas e
personagens bem delineados e definidos desde o primeiro capítulo, para cativar
o público.
As séries tem a vantagem de não serem
previsíveis nem cansativas, uma vez que o formato-padrão por
temporada é de 24 episódios, ficando a critério de quem assiste escolher o
gênero que quer ver: policial, ação, humor, romance... Se a temporada agrada o espectador, são
feitas novas temporadas. Se uma temporada não agrada, a série é cancelada.
Quando a novela está em baixa, ao contrário, algo é feito para movimentar a
trama: um personagem é escalado pra dançar o CONGA CONGA, participações
especiais são contratadas... mas, na essência continua a mesma coisa.
Uma série pode durar anos como ER e LAW
& ORDER, ou tornar-se uma febre, inclusive nas
redes sociais, como HOUSE e LOST.
O fato é que o público está mais
exigente e cada vez mais seduzido por uma programação segmentada.
Estima-se que, hoje, um a cada quatro
telespectadores não assiste mais novelas. Um quarto do total de pessoas que
ligam seus televisores, o fazem para assistir canais a pago ou pequenas
emissoras, criando assim o fenômeno de audiência fragmentada.
A ascensão social e o maior acesso a
aparelhos de DVD e videogames e o crescimento vertiginoso da TV paga explicam
essa nova realidade.
Shadow/Mariasun