O BRASIL DA DIVERSIDADE QUE O LULA E
A DILMA DESCONHECEM
É sabido que o povo brasileiro, em essência, foi
formado a partir da diversidade; para entendê-la (a diversidade) é preciso
voltar os olhos para o passado, aos tempos da colonização, quando brancos e
índios, índios e negros, negros e brancos tiveram contato e passaram a
conviver no mesmo pedaço de terra.
Em essência um encontro de etnias com cultura, costumes,
crenças, práticas e valores próprios, tudo junto e misturado: da culinária
africana fundindo-se com a indígena e a europeia, ao catolicismo europeu que diante
do misticismo, totens e símbolos indígenas e africanos, deu lugar ao sincretismo
religioso; das expressões e vocabulário afro e indígena que não tardaram a se incorporar
à língua portuguesa, ao gosto pela música e a dança, por vezes com forte apelo
sensual, em contraste com o pudor e o conservadorismo europeu. Três raças
unidas pelas diferenças, do vatapá e feijoada ao chimarrão, do frevo à moda de
viola, da religiosidade ao samba e carnaval, formando um único povo, marcado
pela miscigenação racial entre índios europeus e africanos: o brasileiro.
De norte a sul, de leste a oeste, em sua origem e
raiz, um povo formado da integração das diferenças culturais e regionais. Basta conhecer a sua historia.
Por essa razão é inaceitável e detestável o que o
Lula e a Dilma estão fazendo para manter a estrela do PT no Palácio do Planalto.
Não, Dilma Rousseff agora não tem Marina Silva para
bater. Conseguiu seu intento, implodiu e aniquilou a candidatura da adversária.
Mas a estratégia do quanto pior melhor, continua; não abandonou a pretensão de
impor sua reeleição por meio do medo e do terror. Para tanto, resolveu bater agora
naqueles que levaram Aécio Neves ao segundo turno. Pode isso? Um candidato
bater nos eleitores? Segue a fala irresponsável e inconsequente que tem ecoado
nos palanques do norte e nordeste do país:
“...O sudeste não é oposto ao nordeste. Então é
uma visão absolutamente preconceituosa e elitista, dizendo que os meus votos
são dos ignorantes e, os dos ilustrados, são deles. É um desrespeito. Como eles
não andam no meio do povo, como eles não dão importância para o povo
brasileiro, eles querem desqualificar o povo brasileiro...”.
JesusMariaJosé, o Lula e a Dilma enlouqueceram?
João Santana, o marqueteiro com status de ministro, não sabe o quanto um
discurso desses pode ser nefasto para a unidade de um país? Na eminência de
serem derrotados nas urnas querem promover uma guerra civil? Pretendem transformar
o Brasil em duas Coréias?
É um desrespeito, sim. Mas para com o povo
brasileiro, que sabidamente convive bem e em harmonia com as diferenças de
raça, crença, cor e religião.
Se existe alguma forma de preconceito e de
discriminação, ela está única e exclusivamente na fala petista, ao dividir maliciosa
e maldosamente os eleitores entre ignorantes (nordeste) e ilustrados
(sudeste). Quer dizer que andar no meio
do povo, é andar no nordeste; e andar no sudeste, é andar no meio do que? Não é
dessa forma, bizarra e baixa, que se ganha uma eleição, sorry.
Atente-se que o PT foi praticamente
defenestrado de São Paulo: perdeu o Governo do Estado, vendo seu candidato amargar um inexpressivo terceiro lugar; após vinte
e quatro anos, perdeu a cadeira "cativa" no Senado; reduziu em oito sua representação na
Assembleia Legislativa do Estado; foi derrotado no próprio
reduto eleitoral e berço do sindicato dos metalúrgicos, o ABC paulista. Quem fez esse estrago? Uma “elite ilustrada”?
Não, em sua grande maioria, brasileiros originários do norte e nordeste, que
migraram para São Paulo para fazer e continuar fazendo a historia deste país.
Dito isso, há de se ressaltar, que a
nacionalidade de qualquer um nascido nesta terra é a brasileira. Ninguém diz: sou nordestino ou
"sudestino", mas, brasileiro. Aliás, muito me admira isso ser dito por alguém
cuja origem não é nordestina nem brasileira, mas, búlgara. Não é mesmo, da.
Dilma Russeff?
Vale
relembrar que quando o povo saiu das redes sociais e foi às ruas do país, em
junho do ano passado, o que se ouviu de norte a sul do Brasil foi um único
grito, repetido à exaustão: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho com muito
amor...”. Esse é o sentimento, viu João Santana! Querer jogar um brasileiro
contra o outro, hostilizar regiões, é por demais mesquinho e tacanho.
Cabe ainda destacar que os eleitores, aqueles
que optaram por Aécio Neves ou Marina Silva o fizeram por ansiarem mudanças,
por estarem cansados de tantos anos de desmando, corrupção, bandalheira e
roubalheira do governo que aí está; e, pelo alto custo dos impostos pagos que
se esvaem sem retornar à população na forma de serviços públicos. Detalhe: dentre
estes (os eleitores) estão: descendentes de imigrantes nascidos no Brasil,
nordestinos, trabalhadores, empresários, aposentados, estudantes, jovens, idosos, pobres,
remediados, ricos, brancos, negros, pardos, mamelucos... Não uma “elite branca ou
ilustrada”, como levianamente o discurso petista tenta discriminar e achincalhar, até mesmo porque a elite existente hoje no país, é a dos
políticos.
Esse discurso oportunista tem o fim escuso de
tirar do foco os problemas que corroem o país e dos escabrosos escândalos que
marcaram os últimos doze anos desse governo. É sabido
que o Mensalão do PT é coisa de batedor de carteira, diante da organização
criminosa que se instalou e roubou a Petrobrás por meio das “empreiteiras
amigas”, que estão à frente das maiores obras públicas do país: rodovias, estádios,
hidrelétricas, hospitais, escolas... Se por um lado o Lula diz estar de “saco
cheio” (olha que lindo!) das delações que vinculam o PT e a ele próprio ao
escândalo da Petrobrás, por outro lado, os brasileiros dizem: realmente não é
só o saco que deve estar cheio, mas, também, os cofres, as cuecas, as malas, os
armários, o colchão, as contas no exterior para onde foi parar o dinheiro desviado da
petroleira, das obras superfaturadas e do povo. O que o brasileiro (aquele que
trabalha duro para ganhar seu salário) quer é cobrar responsabilidade, decência, transparência e o fim da impunidade. Esse foi o recado dado nas urnas no primeiro turno.
É
inegável que as pessoas estão despertando de norte a sul, do nordeste ao
sudeste, assim como é certo que há regiões mais pobres e carentes, inclusive nos grandes
centros urbanos, por falta de investimentos do Governo nas áreas essenciais e sociais.
A distribuição do Bolsa Esmola hoje já não é suficiente para encobrir a omissão e o descaso do poder
público, diante da falta de investimentos e de recursos na melhoraria da saúde pública, saneamento
básico, educação, moradia...
É inadmissível que enquanto o Governo deixa de investir em
infraestrutura - hospitais, escolas, transporte público decente, metrô, rodovias,
portos, aeroportos, expansão no fornecimento de energia e de abastecimento de
água, transposição do Rio São Francisco, moradias, saneamento básico, ou, se e quando o faz, o faça com superfaturamento e em conluio com as empreiteiras, que hoje são sócias de fato de um partido político - o dinheiro
do povo brasileiro seja investido, sem qualquer critério ou consulta, em outros
países, como:
Porto de Mariel (Cuba) US$ 957 milhões
(US$ 682 milhões por parte do BNDES); Ponte sobre o rio Orinoco (Venezuela) US$ 1,2 bilhões (US$ 300 milhões por parte do BNDES); Linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas (Venezuela) US$ 732 milhões; Projeto Hacia el Norte - Rurrenabaque-El-Chorro (Bolívia) US$ 199 milhões; Exportação de 127 ônibus (Colômbia) US$ 26,8 milhões; Hidroelétrica de Chaglla (Peru) US$ 1,2
bilhões (US$ 320 milhões por parte do BNDES); Abastecimento de Água em Lima - Projeto Bayovar (Peru) valor Não Informado; Hidrelétrica de Tumarín (Nicarágua) US$
1,1 bilhão (US$ 343 milhões do BNDES); Hidrelétrica de San Francisco (Equador) US$
243 milhões; Hidrelétrica Manduriacu (Equador) US$ 124,8 milhões (US$ 90
milhões por parte do BNDES); Metrô Cidade do Panamá (Panamá) US$ 1 bilhão;
Autopista Madden-Colón (Panamá) US$ 152,8 milhões do BNDES; Barragem de Moamba Major (Moçambique) US$ 460 milhões (US$ 350 milhões por parte do BNDES); Aeroporto de Nacala (Moçambique) US$ 200 milhões ($125 milhões por parte do BNDES); BRT Maputo (Moçambique) US$ 220 milhões (US$ 180 milhões por parte do BNDES), dentre outros...
Para resumir, foram realizados mais de 3.000 (três
mil) “empréstimos” pelo BNDES entre 2009 a 2014 para obras de infraestrutura em
outros países, enquanto aos brasileiros faltou investimentos em serviços básicos
e essenciais para a melhoria da qualidade de vida. Atente-se que muitos desses empréstimos são de fato "doações", uma vez que jamais retornarão ao Brasil, pois é certo que uma parte do dinheiro foi se perdendo pelo caminho e a outra parte ficará à mercê do calote de alguns desses
países. Que bela forma de se administrar um país, não?
É por
essas e outras que o povo da diversidade mandou o seu recado na hora do voto,
não, não foi uma “elite branca ou ilustrada”, foram todos aqueles que vestindo
o verde e amarelo, a sua cor (que não é a vermelha), saíram às ruas nas
manifestações de junho de 2013 contra os desmandos, a impunidade e a corrupção.
Os brasileiros não querem um país fragmentado em regiões, mas, um país unido, governado
por aqueles que lutem contra a exclusão e a roubalheira, e, promovam a integração e a cidadania.
Não é por acaso que várias lideranças políticas e personalidades de expressão tenham declarado seu apoio a Aécio Neves no segundo turno. Dentre os mais recentes, aquele que talvez mais tenha tocado nosso coração, o da família de Eduardo Campos: Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique, ao lado da admirável Renata Campos.
E pra fechar, nada melhor do que uma frase dita por Eduardo Campos, brasileiro, pernambucano, neto de Miguel Arraes, que um dia sonhou em ser Presidente da República:
"Dá para ser melhor. E não é uma ofensa para quem está aí você dizer que
dá para ser melhor. Nós queremos mais. E que bom que queremos mais, né?
Isso deveria desafiar as pessoas a fazer, a quebrar o velho costume e
afirmar novos valores".
Verdade... dá para ser melhor... e não há aí qualquer ofensa...
Não vamos desistir do Brasil!
Shadow/Mariasun Montañés