ROGÉRIO CENI: O ADEUS DE UM M1TO
“Um jogo de futebol não é apenas
22 jogadores medindo suas forças e habilidades, mas sim um jogo que une
milhões de pessoas
por amor a uma determinada equipe”
(Márcio Augusto)
O Estádio do
Morumbi, o Templo do São Paulo, tem sido palco e marco de grandes
comemorações.
Ontem não foi diferente... quer dizer... tinha mais emoção no ar... um adeus no tremular das
bandeiras, um nó na garganta na ola da torcida, um quê de nostalgia diante dos
antigos craques no gramado... E que
craques!!! Era a despedida de um M1to.
Mas a gente se
despede de um M1to? Não. Os mitos são
para sempre.
Vez ou outra, eles
surgem para fazer historia, nas artes, na ciência, na política e até nos campos
de futebol.
Estamos cada
vez mais carentes de heróis. Se procurarmos com lupa, será difícil
encontrá-los. Vivemos aos sobressaltos diante da violência, assolados pela corrupção, governados por
líderes incompetentes e ladrões; sendo manipulados pela mídia que despreza a
verdade; vendo a dramaturgia se empobrecer com a partida de grandes artistas
sem substitutos à altura... Somos humanos. Necessitamos
de bons exemplos que nos façam vibrar e crer nas vitórias.
É por isso que
quando surge um gigante, cujo desempenho impressiona não apenas pelo
talento, mas
pela capacidade de inspirar, ele se torna mais que um ídolo, vira mito.
O São Paulo Futebol
Clube teve alguns, dentre eles, Rogério Ceni.
Aos 42 anos de idade chegou à surpreende marca de: 1.237 jogos pelo
São Paulo; 594 partidas no Morumbi, 375 vitórias, 130 empates, 89 derrotas;
110.639 minutos em campo, 131 gols. Ufa!!! Um
M1to, sem dúvida, que entrou - até - para o Guinness Book.
Foram 25 anos de títulos
e de cumplicidade com a torcida tricolor: Três Campeonatos Paulistas, Um
Torneio Rio-São Paulo, Duas Recopas Sul-Americanas, Uma Copa Conmebol, Uma Copa Master
Conmebol, Uma Supertaça dos Campeões da Libertadores, Uma Sul-Americana
e os mais cobiçados: Duas Libertadores da América, Dois Mundiais de Clubes
e Três Campeonatos
Brasileiros.
Se ser craque é ultrapassar limites, ele chegou
lá: o goleiro virou artilheiro. Um talento
incontestável e perfeccionista. Quem o conhece sabe que por anos seguidos, com
método e disciplina, chegou mais cedo aos treinos para exercitar a cobrança de
faltas. E como ele aprendeu a bater! Os
outros goleiros tremiam ao vê-lo se aproximar da bola!
Foi sob o comando de Márcio Araújo, então auxiliar de Telê Santana, que Rogério
Ceni estreou. Era um jogo contra o Tenerife, na Espanha, um amistoso pelo Troféu
Santiago de Compostela, que hoje reluz no Memorial do São Paulo.
O primeiro título e o primeiro gol, no entanto, vieram ao lado de
Muricy Ramalho. Aaaaah.... Muricy o que você está
fazendo no Flamengo? Seu lugar é aqui!!!
Aliás, foi Muricy Ramalho quem teve mais influência em sua carreira e quem mais contribuiu para que ele conquistasse a fama de “goleiro
artilheiro”, sua marca registrada. Foi o técnico quem primeiro o autorizou a
cobrar faltas, após observá-lo com aquele olhar de quem entende, durante os treinamentos.
Em 1997, marcou o primeiro gol, e não parou mais
pra alegria da galera.
Hoje, mais do que símbolo e ícone, é reconhecidamente um M1to, basta relembrar suas fantásticas e quase
impossíveis defesas ao longo desses 25 anos de carreira, que fizeram
dele o número 1.
Ontem, o torcedor sãopaulino teve mais um desses momentos inesquecíveis
e que mexem com a alma tricolor: o jogo da despedida do
ídolo...
De um lado, os campeões mundiais de 1992 e 1993 (Raí, Cafu, Ronaldão... haja coração!!!) isso, quando o Rogério era ainda um reserva recém promovido aos profissionais. Do outro, os campeões mundiais de 2005 (Lugano, Mineiro, Amoroso, Aloísio
Chulapa... é muito talento reunido!!!),
quando Ceni foi o capitão. Ambos
times campeões. Ambos com Rogério Ceni. Ambos capítulos da história do futebol. De arrepiar!!!
E em campo a bola rolou: Lugano capitão (ah... quanta
falta fez na zaga nos últimos tempos...), gol
do Zetti (gol do Zetti? é gol do Zetti!, os
goleiros do São Paulo sempre foram multifacetados) e Rogério Ceni, o M1to, cantor (cantor?!? é cantor!... um M1to pode tudo...), além do pênalti, é claro, que
mais uma vez ele converteu em goooolllll!!!, levando o torcedor tricolor às
lágrimas e ao êxtase... muito embora, o que menos tenha contado nessa partida,
tenha sido o placar.
E foi assim que Rogério Ceni deu adeus aos gramados. O Morumbi lotado se
despediu do M1to.
Acontece que mito não se despede dizendo adeus, ele se retira para começar uma nova jornada....
Parabéns campeão!!!
BOA SORTE em sua nova jornada!!!
Esta é a última camisa que vou vestir na minha carreira.
Depois, vou me juntar à torcida para ir ao Morumbi.
(Rogério Ceni)
Depois, vou me juntar à torcida para ir ao Morumbi.
(Rogério Ceni)
Shadow/Mariasun Montañés