A INCONFIDÊNCIA DA REPÚBLICA EM ÉPOCA DE DELAÇÕES
Estamos vivendo um abril
despedaçado. Não apenas aqui, no Brasil, mas no mundo. Tudo está conturbado ao
redor. Armas químicas na Síria, sangue nas ruas da Venezuela... a podridão do
poder revelada nas delações de Emílio e Marcelo Odebrecht. E que delações!!!
Este mês nos trouxe a Páscoa
para relembrar do Cristo crucificado e a crença na Ressurreição; neste final
de semana, o feriado de Tiradentes e morte, enforcado por seus ideais de liberdade e independência
e, logo teremos o dia em homenagem ao trabalhador, endividado e desempregado.
Talvez, seja um
período de reflexão e de chamamento para que não nos esqueçamos da História. Afinal, o senso comum
diz que "para se entender o presente, é preciso que se conheça o passado".
Por ora, as mentes mais curiosas poderão perguntar: Como a Inconfidência Mineira se aproxima dos dias atuais? E é a partir do que indagamos, que alguns paralelos começam a ser traçados, até perceber que, assim como Tiradentes, sempre fomos massa de manobra de
um poder que nos assalta, vilipendia e visa apenas seus próprios interesses. Para
afinal concluir que entre o período colonial e o republicano, entre as Minas Gerais do século XVIII e a Brasília de hoje, dois pontos nos unem: a corrupção e as
denúncias contra ela.
Quem eram os inconfidentes
afinal? Eles representavam uma elite local insatisfeita, alguns tinham como
principal atividade o contrabando de ouro e de pedras preciosas; uma elite que
estava perdendo o poder e os ganhos econômicos ao ser substituída dos postos
de autoridade e de mando por pessoas da confiança do rei de Portugal. Diga-se:
a corrupção grassava no período colonial, na Corte de Dom João VI.
A história contada nos livros de que a Inconfidência teve início a partir da
cobrança de impostos abusivos e anseios de liberdade, é uma meia verdade. A
derrama, a cobrança do “quinto do ouro” pela Coroa Portuguesa, tributo devido sobre as riquezas extraídas, foi apenas o estopim para dar
início ao movimento, que visava garantir os privilégios políticos e econômicos
de uma elite da capitania de Minas Gerais. E Tiradentes, o alferes e dentista, Joaquim José da Silva Xavier, foi o mártir ideal para representar os ideais de
Independência, de uma época de efervescência intelectual e política.
No entanto, apesar das ideias Iluministas de Tiradentes que o inspiraram a liderar a Inconfidência Mineira, o pano de fundo da insurreição eram os interesses de um grupo privilegiado
(contratadores de impostos, clérigos, militares, contrabandistas...), ressentido
por amargar perdas econômicas em suas atividades altamente lucrativas, como a
corrupção e o contrabando de riquezas. É minha gente, naquela época (1792)
postos políticos já eram usados em benefício próprio.
Se vivo fosse, Tiradentes,
um idealista do seu tempo, se levantaria contra a derrama de dinheiro público dos
nossos dias. Dizia ele que “Minas era rica e ficava pobre por causa do arrocho
tributário, do monopólio comercial e dos roubos dos governadores e seus
protegidos”. Hoje ele bradaria nas redes sociais: “O Brasil é rico e está ficando pobre por causa.. dos roubos dos governadores e seus protegidos”.
Ele seria a voz do povo... que foi calado, enforcado. E é exatamente esse o sentimento dos brasileiros que hoje lutam pelo fim
da corrupção, mas se vêem diante da forca cada vez que os políticos (muitos deles sob suspeição), à revelia, se propõem a votar em caráter de urgência Reformas, Lei
de Abuso da Autoridade, Lei da Migração... "Libertas que sera tamen" "Liberdade ainda que tardia"...
Se uma analogia pudesse ser
feita com o momento atual, não é difícil identificar que a Corte Portuguesa e
os grupos privilegiados daquela época atuavam como os políticos de agora, em especial, como o Partido dos Trabalhadores (PT), que no exercício do poder foi responsável
pelo loteamento das instituições, distribuição de cargos, privilégios,
barganhas e benesses. Porém nem o Brasil Colônia se compara ao maior esquema de
corrupção e de lavagem de dinheiro jamais visto na História do Brasil e do
mundo, em pouco mais de uma década de Lulismo.
Isso é o que de forma contundente tem sido elucidado a cada delação nas investigações em curso. E quando se fala em delação,
voltamos a nos lembrar de Tiradentes... e Joaquim Silvério dos Reis, o delator
mais célebre da História até aqui. Sim, ele fez uma espécie de “delação
premiada”, ao entregar os planos dos inconfidentes, que ele conhecia
minuciosamente, bem como, o paradeiro do alferes Joaquim José da Silva Xavier
(Tiradentes), para em retribuição ter perdoadas suas dívidas pela Coroa Portuguesa. Interessante é perceber que o Joaquim Silvério do Reis de hoje pode
vir a ser Antonio Palocci, Ministro da Fazenda do (des)governo Lula, caso este
venha a revelar tudo o que sabe sobre o dinheiro que foi pilhado dos cofres
públicos e a sua destinação, selando em definitivo o destino do chefe da quadrilha criminosa, Lula. Se o fizer, entrará para a História como o delator dos delatores.
Ao longo do tempo o
sentimento das pessoas em relação aos delatores e delatados mudou. Joaquim
Silvério dos Reis, sempre foi odiado e visto como um traidor, que levou à forca
Tiradentes. Hoje, as delações estão mais vivas do que nunca. Ao tempo que
causam asco e indignação pelo seu conteúdo, elas levantam expectativas e
esperança de ver os culpados indiciados, processados, sumariamente julgados e
presos. Antes de prosseguir cabe fazer uma distinção histórica: Tiradentes era um idealista que serviu a uma causa, Lula é um ladrão que roubou em causa própria.
Impressiona ver que, tanto
no século XVIII quando no XXI, o interesse continue a ser o ganho ilícito, a apropriação
da coisa pública para fins privados, por meio de uma elite hoje formada por políticos,
agentes públicos, empresários e artistas que vivem como páreas à custa do
Estado.. Este deve ser um país muito rico para ainda continuar produzindo
riquezas....
É estarrecedor reconhecer
que por mais de uma década o verdadeiro caudilho deste país com amplos poderes, gerais e irrestritos, para traçar os rumos do Brasil, aprovar e vetar leis,
inclusive traçar investimentos no âmbito internacional, e sem haver sido eleito
pelo voto popular, atendia pelo nome de Emílio Odebrecht. A ele, Luís Inácio
Lula da Silva e depois, Dilma Rousseff, delegaram a Presidência da
República e privatizaram o país ao empresário, para em troca auferirem com seus
apadrinhados altíssimos lucros$$$$..... à custa dos interesses do povo e do país.
A dura constatação de tudo isso é que a Constituição, nossa Lei Maior, não rege a todos da mesma forma. Até
o maior Poder da República tem licença para ser privatizado em detrimento do
patrimônio público. A lei não é igual para todos. Em qualquer país democrático
onde há o respeito à lei, Emílio e Marcelo Odebrecht cumpririam pena de prisão
perpétua sem direito a condicional e ainda teriam que pedir perdão aos
brasileiros, ao invés de se portarem nas respectivas delações como homens que apenas
gerenciavam negócios. Não, eles não gerenciavam negócios; eles gerenciavam a
corrupção, a pilhagem da coisa pública e a ruína de um país. É muito diferente!
O resultado disso são Instituições corrompidas. O exemplo é a queda de
braço entre os Poderes, Ministros das Cortes Superiores e os Juízes de Primeira
Instância; Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal; Partidos
Políticos e Empresários.
Quando as Instituições
perdem o rumo, o país segue à deriva e o povo para o sacrifício. De alguma
forma, somos todos Tiradentes neste momento, clamando pelo saneamento do Estado
e o fim da corrupção na política.
A esperança dos órfãos do sonho Brasil se projeta para
2018, esse será o ano da nossa verdadeira Páscoa, com a ressurreição do voto
popular para o extermínio dos políticos corruptos, que a Justiça não quer ou não é capaz de
alcançar.
Órfãos do sonho Brasil
Busquem os restos nas sobras da vida
Nas cinzas da esperança...
Shadow/Mariasun Montañés