sábado, 8 de agosto de 2020

 


O BRASIL CHEGA AOS 100 MIL MORTOS PELA COVID-19


O Brasil atingiu a espantosa marca dos mais de 100 mil mortos pela Covid-19. Esses dados são subnotificações, referem-se apenas aos casos oficialmente testados. Muitos não passaram pelo teste da Covid. Assim é que, o número real ultrapassa em muito os 100 mil.

Essa é a marca da vergonha, do descaso, do genocídio em um país que agoniza a cada dia por estar sem rumo e sem comando diante da maior crise sanitária do país e do planeta.

Para quem ainda não consegue dimensionar a extensão da tragédia, a cada 24 horas, o número de mortos equivale a quase três vezes o total de vítimas fatais dos desastres de Brumadinho e da boate Kiss, que tanto comocionaram o país.

Há várias semanas o Brasil lidera o ranking do país com o maior número de mortos em 24 horas; conseguiu superar até os EUA, que também teve a desdita de ter um negacionista na condução da crise.

Este domingo, Dia dos Pais, será um dia de luto, pelos pais ausentes que não estarão com seus filhos, e, por aqueles que nunca saberão o que é ser pai, porque partiram antes de conhecer os filhos que teriam.

Será um domingo de muita tristeza para milhares de famílias.

Enquanto os brasileiros choram por seus mortos, aquele que poderia ter minimizado esse genocídio, continua em negacionismo, causando aglomerações, menosprezando a crise, boicotando o isolamento social e o uso da máscara, propagando e louvando a cloroquina como “elixir” de cura.

A pandemia não poderia ter sido evitada. Ela se alastrou pelo mundo sem respeitar fronteiras, no entanto, os seus efeitos nefastos e desoladores poderiam haver sido reduzidos, se desde o início - Jair Bolsonaro - ao invés de transformar a crise sanitária num cabo de guerra entre governadores e prefeitos, tivesse se empenhado, unido forças e esforços num plano de enfrentamento e controle ao coronavírus, como fizeram os governos de outros países.

Ao invés disso, optou por negar a gravidade da pandemia e expor a população à contaminação. Usou como escudo a economia a pretexto de estar preocupado com a atividade econômica e o emprego. No entanto, além de não cuidar da saúde, assiste - passivamente - a economia naufragar, e, ainda ousa falar na volta da CMPF para sangrar ainda mais a população.

É sabido que a abertura do comércio não tem o impacto imaginado sobre a economia. A Suécia é a prova disso. Hoje além de ter o maior número de mortos pela Covid-19 proporcional ao índice populacional, apresenta o mesmo choque na economia que os países vizinhos, que decretaram a quarentena.

Jair Bolsonaro perdeu a oportunidade de destacar-se como grande líder diante do Brasil e do mundo. A grave crise sanitária apenas confirmou a sua inaptidão e despreparo para o cargo que ocupa.

Para o presidente a questão nunca foi de saúde pública ou economia. Mas de manter a sua popularidade, de dar continuidade ao seu projeto de poder e reeleição, de isentar-se de qualquer responsabilidade diante da pandemia e de destruir possíveis adversários para a eleição de 2022.

Tivesse sido mais responsável, hoje o Brasil não lamentaria os mais de 100 mil que partiram sem se despedir dos entes queridos, e, tendo como efeito colateral, o agravamento da crise econômica. É fato que quanto antes o vírus é controlado, antes se dá a recuperação econômica, estágio em que a Europa se encontra neste momento.

Tivesse sido mais diligente diante da pandemia, não teria exonerado um Ministro da Saúde atrás do outro, estando o Ministério acéfalo há três meses. Pela pasta responde interinamente um general que não entende nada de gestão e política pública de saúde, de contenção de doenças contagiosas e, nem ao menos, de como investir o dinheiro liberado pelo Congresso para o combate ao vírus. A sua ineficácia administrativa e desperdício de recursos públicos está no gasto de R$ 1,6 milhão na produção em larga escala de cloroquina pelo laboratório do Exército, medicamento que é tão eficaz quanto a tubaína no combate à Covid-19, com a diferença de que a tubaína não tem efeitos colaterais graves.

Tivesse sido mais empático e solidário, teria nos poupado de sua indiferença e de expressões, como: “E daí?” “Não sou coveiro!” “Sou Messias mas não faço milagre.” “Todo mundo morre um dia.”, e, hoje, o país não choraria sobre milhares e milhares de covas rasas.

Em nenhum outro rincão do mundo civilizado, se viu tanto descaso, tanta falta de compaixão, tanta falta de respeito, tanta falta de pesar... tanto desprezo pela vida humana por parte de um governante. O resultado está aí: 100 mil mortos!!! Começou a contagem regressiva para a vergonhosa marca dos 150 mil. 

(Mariasun Montañés)



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