domingo, 11 de outubro de 2020




O BRASIL CHEGOU AOS 150 MIL MORTOS PELA COVID-19

Em 8 de agosto, quando o Brasil atingiu os 100 mil mortos pela Covid-19, fiz uma postagem dizendo que o país começava a contagem regressiva para a vergonhosa marca dos 150 mil mortos. Passados apenas dois meses, em 10 de outubro, esse estupefaciente número foi superado. Atente-se que isso se refere a subnotificações. Muitos brasileiros foram enterrados sem serem testados, portanto, ficaram fora dessa estatística. Isso tem nome: carnificina!

Aí está o resultado do que Jair Bolsonaro disse ser uma “gripezinha”, enquanto cantava as glórias de um elixir inócuo no combate ao coronavírus, numa inequívoca expressão de sua baixa estatura política, ética e moral para o cargo que ocupa.
Diante da maior crise sanitária do planeta, Jair Bolsonaro sobejou cinismo, descaso, incompetência, egoísmo, mau-caratismo e é o responsável direto pelos números que aí estão. Aliás, ele e seu omisso e incompetente Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que até o outro dia não “sabia o que era o SUS”, segundo declaração do próprio.
Enquanto a pilha de cadáveres se apinhava na rampa do Palácio do Planalto, o Presidente da República optou por cruzar os braços, olhar para os lados, negar a pandemia, banalizar a Ciência, boicotar todas as medidas sanitárias de controle ao vírus, desinformar a população e terceirizar responsabilidades intransferíveis, ao invés de arregaçar as mangas e assumir a coordenação nacional da crise, o mesmo se diga em relação aos incêndios criminosos nas florestas brasileiras, cujas cinzas também pairam sobre sua cabeça.
Não é por acaso que o Brasil ocupa, em números absolutos, a nada honrosa posição de ser o segundo país com o maior número de óbitos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, e ser o primeiro em número de mortes pelo coronavírus por 100 mil habitantes. Um feito e tanto!
E, como em momento de crise sanitária, a máxima é aproveitar e “deixar a boiada passar”, pois a atenção das pessoas está voltada para o medo da contaminação e a sobrevivência, conseguiu superar-se em matéria de oportunismo, consentindo com a destruição do maior patrimônio natural do país, que são as suas florestas. Preferiu alinhar-se a grileiros, pecuaristas criminosos, garimpeiros e ao abominável ministro que ocupa a pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que só faz o que o chefe quer, sejamos realistas. O que não deixa de ser uma outra forma de carnificina.
Carnificina... essa é a marca e o legado desse governo. É assim que ele entrará para a História.
Por outro lado, causa espanto que, diante de tantas atrocidades, haja ainda quem apoie a insanidade, a barbárie, a morte e a derrocada do seu país.
Talvez o melhor retrato do atual momento, seja a cena bizarra que ontem tomou as redes sociais e percorreu o mundo: as imagens da inauguração de uma loja da Havan em Belém, Pará, no dia em que o Brasil ultrapassava os 150 mil mortos. Pessoas amontoadas - de crianças a idosos - sem máscara, sem distanciamento social, esparramando-se em frenesi pelas instalações e rampas de acesso... “Êh, ô, ô... vida de gado, Povo marcado, Êh, povo feliz!” Zé Ramalho sempre atual.
Quando foi que os brasileiros deixaram de se indignar diante da morte e da destruição de suas riquezas? Hoje deveriam colocar fitas pretas nas janelas em sinal de luto, pelos milhares e milhares daqueles que se foram. Pelos milhares e milhares que adoeceram e não se recuperaram, sofrem com as graves sequelas que a Covid-19 deixou e que quase ninguém comenta. Em sinal de luto também pelas queimadas, tacitamente consentidas e estimuladas pelo governo central, que desde julho estão destruindo impiedosamente os biomas do Pantanal, Cerrado e Amazônia, à espera de que a chuva apague o fogo.
Quando foi que os brasileiros passaram a ser tão individualistas, irracionais e egoístas? Sério que diante do número de mortos pela pandemia, ainda há quem vá a aglomerações sem máscara, a inauguração de lojas, a lugares fechados, a restaurantes, confraternizar com os amigos, sem se importar com a propagação do vírus? Aonde foi parar a responsabilidade social, a consciência social de um povo? Agora é cada um por si e um falso mito por todos? Aviso aos navegantes: ainda não há um remédio ou vacina eficaz que combata o vírus, portanto, ele continua nas ruas, resistente ao frio, ao calor e à imbecilidade das pessoas.
Quando foi que os brasileiros passaram a dar de ombros para a destruição do verde de suas florestas e dos berçários de espécies nativas, algumas em risco de extinção, que estão nos manguezais, restingas e nas florestas?
Ah... isso é coisa de gente esquerdista. Da esquerda corrupta. Cuidado, senão eles voltam!!! blábláblá... mimimi...
Primeiro: Ser crítico e expor a própria opinião diante dos fatos, é apenas o exercício de um direito.
Segundo: Eles quem voltam, cara pálida? Não pode voltar quem nunca deixou o poder! Simples assim. Quem comanda hoje o país é o Centrão, ou não? “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”, com o detalhe de que agora mamam também nas tetas do Estado os militares e os milicianos. Haja vista, a Reforma Administrativa e Tributária que o governo pretende fazer e já começou a implantar. Elas visam sangrar a professorinha que dá aula em mais de uma escola, o padeiro da esquina, o frentista que nem carro tem, o aposentado que trabalhou a vida inteira, não as categorias privilegiadas de parlamentares, banqueiros, Ministros e militares.
Como se diz na Espanha: “los mismos toros con los mismos cuernos”. Começou a contagem regressiva para os 180 mil mortos pela Covid-19 no Brasil, sob o olhar complacente dos que não enxergam porque não veem. Avante!
(Mariasun Montañés)
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