SÃO PAULO NÃO É PARA AMADORES
Tom Jobim disse certa vez, que “o Brasil não é para principiantes”. O mesmo pode ser dito sobre São Paulo: São Paulo não é para amadores.
Hoje, ela é a cidade mais populosa do Brasil e uma das mais populosas do mundo, com mais de 12 milhões de habitantes. Nela convivem pessoas de diversas etnias e culturas provenientes de todos os rincões, cuja marca está na sua arquitetura, gastronomia, templos, sotaques, que lhe dão um charme cosmopolita. Não por acaso, projeta-se no mundo por sua diversidade racial.
É a megalópole mais importante da América Latina, sendo a 10ª cidade mais rica do planeta. Nas suas principais avenidas estão sediadas empresas transacionais e as mais conceituadas instituições financeiras do mundo. As principais rotas aeroviárias e redes de informação passam por ela, sendo por isso reconhecida como uma cidade global. Seu PIB corresponde a 11% do PIB brasileiro, o que a torna o coração econômico do país e do continente, a capital dos negócios, um dos centros mais respeitáveis de serviços globais de tecnologia e finanças.
São Paulo não é para amadores...
Seus problemas são proporcionais ao tamanho de sua grandeza: saúde, educação, habitação, transporte, corredores viários, emprego, saneamento básico, moradores de rua, cracolândia, enchentes, preservação das áreas de mananciais... Para lidar com isso, é preciso conhecer a cidade, sua gente, suas carências e urgências; saber o básico, como a diferença entre recursos em caixa e recursos disponíveis para investir em obras e serviços públicos, além de, assentar suas bases em uma gestão contemporânea com apurada experiência em Administração Pública.
O progresso, otimização, investimentos e recursos, de um Município tão complexo como esse, estão atrelados ao planejamento, previsão orçamentária entre receitas e despesas; à capacidade de administração e execução das finanças públicas, incluindo parcerias público-privadas e atração de capital estrangeiro. Isso requer eficiência, competência, conhecimento, poder de negociação, diálogo com todas as forças e correntes políticas, interlocução com a Câmara Municipal, prática moderna de gerenciamento.
Sozinha, uma cidade das proporções de São Paulo, não é capaz de fazer frente a todas as suas necessidades em infraestrutura e, nesse caso, a participação de empresas e investimentos privados são uma alternativa viável e eficaz de crescimento, desenvolvimento e geração de empregos. Não é demonizando essa prática, que os investimentos surgirão, até porquê a política pública centralizadora e estatizante está superada e esgotada.
São Paulo não é para amadores...
É fácil vender ilusões de uma São Paulo com moradia pra todos, escola pra todos, emprego pra todos, transporte gratuito pra todos, saneamento básico pra todos... Difícil é a prática e cumprir promessas eleitoreiras. Certamente os resultados não aparecerão liderando invasões a propriedades privadas ou queimando pneus em ruas, avenidas e estradas, levando o caos à cidade.
É fácil criticar o que está sendo feito, requentando uma ideologia carcomida e um discurso ultrapassado da década de 80/90, do século passado. Difícil é apresentar projetos modernos e viáveis. Ideias paternalistas e estatistas rançosas e com o prazo de validade vencido, não se sustentam diante de uma cidade global e de um mundo globalizado. A boa gestão e a reforma urbana econômica e social dependem fundamentalmente de Programas de Governo ajustados ao seu tempo e adequados ao atual momento político do país e do mundo. Sem isso, todos naufragam.
É fácil ser mercador de sonhos e pregador de “esperança”, “mudança”, “justiça social”... Difícil é seduzir aqueles cujo querer é real, objetivo e concreto. Querem feitos: hospitais, creches, trabalho e comida na mesa. Aqueles que não vivem de ilusões e não se deixam cegar por clichês, jingles políticos, frases de efeito, depoimentos de artistas e políticos que nem paulistanos são ou têm qualquer identidade com São Paulo.
É fácil apresentar-se como pai de família, fala mansa, pessoa humilde, paz e amor da periferia, para conquistar a empatia e convencer os mais ingênuos da pureza de suas intenções. Difícil é persuadir aqueles que conhecem o lobo radical, extremista e populista escondido por trás da casca, sustentado pela renda de sua família burguesa.
É fácil encontrar soluções esdrúxulas para o déficit da Previdência, onerando a folha de pagamento; tratar o orçamento público com irresponsabilidade fiscal, como se ele não obedecesse a princípios, prioridades e fosse ilimitado; promover programas de casas populares sem um plano estruturado e organizado de inclusão social; lidar com a coisa pública como se não houvesse institucionalidade. Difícil é ser realista, responsável, reconhecer o que precisa ser feito além do que já se fez, mantendo-se alinhado ao trabalho e aos recursos disponíveis, e, ao protagonismo da cidade, cujo lema é "Non Ducor Duco", que significa: Não sou conduzido, conduzo".
Definitivamente, São Paulo não é para amadores. Assim como o Brasil não é para principiantes, o que já restou provado pelo desgoverno, o flagelo e o isolacionismo que o país vive hoje.
(Mariasun Montañés)
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