domingo, 13 de dezembro de 2020



 

BRASIL, O PAÍS DO GENOCÍDIO


Com a diferença de apenas dois meses, o número de mortos pela Covid-19 no Brasil passou, neste final semana, de 150 mil para mais de 180 mil (dados subnotificados), totalizando quase 7 milhões de contaminados, sem que - desde o início da contaminação - Jair Bolsonaro tenha promovido as medidas de contenção necessárias para evitar a propagação do coronavírus.
Aliás, o descaso e a omissão têm sido a marca desse governo diante da pandemia que mata e que, se não mata, deixa os convalescentes dependentes de cuidados especiais e de centros de reabilitação, devido às graves sequelas da doença.
Nem diante do aumento vertiginoso do número de contaminados e mortos, do colapso nos hospitais com a chegada da segunda onda, do cansaço e esgotamento dos profissionais da saúde, o presidente da República é capaz de se condoer, de sentir empatia ou compaixão pelas milhares e milhares de vítimas que não estarão aqui neste Natal. Até hoje não veio a público lamentar o estupefaciente número de mortos que se avolumam dia a dia, solidarizar-se com as famílias enlutadas, levar palavras de incentivo às equipes de saúde, que bravamente lutam para salvar vidas, visitar os enfermos nos leitos hospitalares. E, nem o fará. Porque é o principal responsável, não pela contaminação, essa aconteceria de qualquer maneira, mas por haver boicotado e desdenhado de todos os esforços e de todas as medidas sanitárias para evitar o tamanho da tragédia. Tendo causado, inclusive, a exoneração de dois Ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que não compactuavam com a sua política da morte.
Indiferente a isso e na contramão da orientação de médicos, cientistas e da Organização Mundial da Saúde, numa atitude negacionista sem precedentes, Jair Bolsonaro segue promovendo aglomerações por onde passa, desafiando e incitando as pessoas a saírem de casa, sabotando o uso de máscara e o distanciamento social, chamando pejorativamente de "maricas" quem segue as medidas de proteção contra o vírus, num momento em que a pandemia está fora de controle; ao tempo em que se apresenta como garoto propaganda da cloroquina, comprovadamente ineficaz no tratamento da Covid-19 e altamente nociva, prejudicial e letal para o organismo, pelas sérias alterações cardíacas que causa. De modo que, deliberadamente, está decidindo sobre a vida e a morte de seus governados.
Sua conduta irresponsável assume contornos de insanidade e de total descaso com a vida, quando na semana em que o número de óbitos ultrapassava 800 em 24 horas, ao invés de estar voltado para um plano nacional de vacinação e de imunização da população, como os líderes de outros países fazem há meses, surgiu - sorridente - inaugurando um brechó com os trajes usados por ele e a sua mulher no dia em que tomou posse. Essa tem sido a sua prioridade: a vaidade, a ânsia de poder, o narcisismo, o acobertamento dos crimes de seus filhos e a cafonice que o movem, em detrimento da saúde de 212 milhões de brasileiros.
Plano nacional de vacinação? Esqueçam! Não há. E o que vier a ser apresentado, será um faz de conta, uma farsa, como esse governo tem sido até aqui. Aliás, a mentira, a burla, estão tão arraigadas à atual gestão que, neste sábado, atendendo a uma intimação do Supremo Tribunal Federal, o Ministério da Saúde apresentou aos Ministros da Suprema Corte um Plano de Vacinação onde constam os nomes e assinaturas de pesquisadores e cientistas, pasmem, que nunca viram o tal documento. Deixando de lado o aspecto criminal de mais essa lambança, dá pra acreditar que alguma coisa possa sair daí?
Até o momento não há vacinas. Não há logística para o seu armazenamento e distribuição. Não há contratação e treinamento de profissionais da saúde para o seu manuseio. Não há previsão orçamentária. Não há um cronograma de vacinação. Não há sequer a compra com antecedência de seringas, agulhas, algodão... Até porquê à frente da pasta do Ministério da Saúde há um general que não sabe diferenciar um band-aid de um esparadrapo e vacinar a população não estava nos planos do governo. Não fosse a determinação e o planejamento estratégico de João Doria, governador de São Paulo, em negociar a vacina com a Sinovac, sequer a vacinação estaria em pauta.
A reação a isso, ao invés da união de forças políticas, foi a inveja dos medíocres, que deu início a uma campanha demoníaca contra as vacinas, em especial, contra a Coronavac. Justamente, a única que já está sendo produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, por iniciativa e com investimentos do governo de São Paulo na transferência de tecnologia e compra de insumos para a sua produção. Sendo esta a vacina que dentre as que foram desenvolvidas em outros países, a que tem menor custo, a que tem melhores condições de armazenamento, a que em breve estará disponível aos brasileiros e tem apresentado bons resultados clínicos, com 97% de eficácia.
É inconcebível que a maior autoridade do país, esteja sabotando a única alternativa para conter o avanço da contaminação e assim evitar mais mortes, desqualificando a Ciência, os pesquisadores e o Instituto Butantan, que tem renome e reconhecimento internacional e, de haver cogitado editar uma Medida Provisória para confiscar as vacinas do Butantan. Isso para acobertar o seu despreparo, incapacidade, inaptidão e incompetência para negociar as vacinas disponíveis no mercado e elaborar um plano de vacinação de âmbito nacional.
A cruzada incansável de Jair Bolsonaro consiste em dizer que "não tomará a vacina", que "não será responsável pelos efeitos colaterais da vacina", que "a pandemia está no finalzinho". Oi??? Na última semana o número de mortos no país chegou a mais de 800 em um único dia!!!
O que há a se lamentar, é que ainda haja maluco aplaudindo esse tipo de manobra. Que haja pessoas debochando e criticando o governador de São Paulo, por haver se mobilizado e empenhado em trazer a vacina que salva vidas para o país. Que inversão de valores é essa? João Doria merece aplausos, por haver tirado os acomodados da zona de conforto! Que haja pessoas tão cegas e anestesiadas para as quais 100, 150, 180, 200 mil mortos não representam nada, são apenas números. Que haja pessoas capazes de colocar a própria vida e a de seus familiares em risco, apenas para continuar adorando o falso mito que escolheram venerar. Isso é doentio! Essas pessoas deveriam morar em Sucupira. Aliás, nem os personagens e os acontecimentos da fictícia cidade seriam tão bizarros.
A realidade nua e crua é que todos os recursos de que o governo dispõe estão sendo utilizados não para salvar vidas, mas para que os brasileiros continuem se contaminando e morrendo, agora, induzindo as pessoas a não se imunizarem, inclusive promovendo a desinformação nas redes sociais, o que já está produzindo efeitos. Segundo recente pesquisa do Datafolha, tem havido um aumento expressivo no número daqueles que se recusam a receber a vacina, o que corresponde a um em cada cinco brasileiros. Ocorre que, a barreira contra o coronavírus só será eficaz com uma ampla imunização. Caso contrário, continuaremos no limbo em que nos encontramos hoje, enquanto a Economia segue ladeira abaixo.
É a política do genocídio. É a política do quanto pior melhor.

(Mariasun Montañés)
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