terça-feira, 16 de fevereiro de 2021



AQUARELA BRASILEIRA

Aquarela Brasileira, de Silas de Oliveira, o samba-enredo da Império Serrano do carnaval de 1964, repaginado em 2004, é um dos mais belos sambas que já desfilaram na avenida.

Ele foi inspirado em Aquarela do Brasil de Ary Barroso e Bob Russell: “Brasil meu Brasil brasileiro/Mulato inzoneiro/Vou cantar-te nos meus versos...”.

A beleza do samba-enredo está em transformar em poesia as regiões do Brasil, sua diversidade, folclore, natureza e cultura. Um panorama do Brasil em forma de aquarela.

Em seus versos, o samba vai percorrendo pedaços de Brasis, destacando o que eles têm de mais marcante, rico e belo: os seringais do Amazonas; a Ilha de Marajó; a velha cabana do caboclo Timbó no Pará; os coqueirais do Maranhão; as terras de Irapuã, Iracema e Tupã no Ceará; a Bahia de Castro Alves, acarajé e noites do candomblé. Depois de atravessar as matas do Ipu, o frevo e o maracatu em Pernambuco. Brasília com sua arte, beleza e arquitetura moderna. A grandeza de São Paulo, a terra da garoa da serra. O belo matiz do leste e centro-oeste. Até chegar ao Rio de Janeiro do samba e das batucadas, dos malandros e mulatas.

Aquarela Brasileira chega a ser um hino, que levou pro asfalto a brasilidade, diversidade e riqueza de um país, até para que não nos esqueçamos dela, em especial, nos dias de hoje.

Essa bela e única aquarela, a olhos vistos, está desbotando e perdendo as suas cores, por conta de um governo, de um Presidente da República, de um tal bolsonarismo delinquente, que só conhece o cinza das queimadas e o negro da morte. Daí a importância de se relembrar, neste momento, o enredo da Império.

Ainda dá tempo para resgatar e restaurar o colorido dessa linda aquarela! Só depende de nós.

(Mariasun Montañés)


AQUARELA BRASILEIRA (Silas de Oliveira):
Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista, num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela
Do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapuã
De Iracema e Tupã
Fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia, do Candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
Assisti em Pernambuco
A festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza, arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste, por todo o Centro-Oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
E o Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, estas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas de colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram, aquarelam meu Brasil...





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