segunda-feira, 2 de abril de 2012




ROGER WATERS NO MORUMBI, EM SÃO PAULO






O britânico Roger Waters se apresentou neste domingo em São Paulo, no Morumbi, com o tão esperado show da turnê The Wall, o próximo será na terça-feira, dia 03.
 
Ele é um dos fundadores, principal compositor e líder de uma das bandas de rock progressivo mais importante de todos os tempos, Pink Floyd, na qual atuou como baixista e co-vocalista, tendo ao seu lado David Gilmour, na guitarra; o baterista Nick Mason e o tecladista Richard Wright.

 
Alegando diferenças criativas com o grupo, Waters deixou o Pink Floyd em 1985, iniciando a carreira solo. Após vinte e quatro anos voltou a tocar novamente com a antiga banda, durante o Live 8, em 2005. Na ocasião ele comentou:
 
"O Live 8 foi sensacional. Mas não podemos esquecer que o Rick (Richard Wright) estava vivo. Foi a reunião de quatro pessoas que estiveram em uma banda juntos por quase vinte anos e ter aquela experiência foi muito importante para mim, agradeço a eles e a muitas outras pessoas por aquele momento. Mas acho que está meio que acabado".

 
A carreira solo de Waters inclui três álbuns de estúdio: The Pros and Cons of Hitch Hiking (1984), Radio K.A.O.S. (1987) e Amused to Death (1992). Em 1990, Waters produziu um dos maiores concertos de rock da história, The Wall - Live in Berlin, com um público estimado em duzentas mil pessoas.
 
Em 1996 foi alçado ao Hall da Fama do Rock and Roll; tem estado em turnê pelo mundo desde 1999, uma façanha e tanto.
 
Em 2010, iniciou o espetáculo The Wall Live, que inclui uma performance completa do álbum The Wall.
 
Recentemente afirmou em entrevista que o conceito do The Wall, reeditado após 30 anos, mudou:
 
"Quando eu escrevi The Wall estava nos meus 30 anos. Achei que era só sobre mim e sobre meu pai, sobre minhas preocupações. Ocorre que, nesses trinta anos, me dei conta de que não é. Há implicações mais amplas. É por isso que, com a ajuda da minha equipe, nós criamos visuais que expandem o significado da obra. E tornam a polêmica mais generalizada e a história muito mais ampla do que somente eu e meu pai, minha mãe e minhas ex-esposas".
 
The Wall significa "o muro". O muro como algo abstrato, o sentimento de angústia que prende nossos corações e nos isola do mundo, dando a impressão de que não há saída para os problemas que nos aprisionam. Essa, aliás, é a marca das letras compostas por ele, às quais se soma uma qualidade sonora indiscutível e impressionante.
 
The Wall é uma representação de nossas próprias vidas, do sofrimento de pessoas que se importam e sofrem com o mundo que está aí.
 
A mensagem da turnê The Wall? Quebre os tijolinhos que aparecem no dia-a-dia ao seu redor, e não deixe que eles acabem formando um enorme muro.
E se isso acontecer, não esqueça que o muro acaba cercando pelos quatro lados, mas está a descoberto, a saída portanto está lá em cima. Sempre.
 
Confira o vídeo "Another Brick in the Wall part II" (aquela do "Hey Teacher!").
 
Hey teacher, a música não quer a revolta das crianças, não entenda mal. Ela trata com ceticismo da educação que ergue o muro da desinformação, aquela que oprime, aliena, pune, embota, nada cria e não indaga.
 
E tem mais, "Another Brick in the Wall part II", é um verdadeiro clássico do rock mundial !!




Músicas que fazem parte da turnê The Wall, e sua simbologia :
 
"In the Flesh?", remete à guerra, o primeiro absurdo do mundo retratado na obra; a Segunda Guerra Mundial (o pai de Waters morreu nessa guerra)."When the Tigers Broke Free", "The Thin Ice" e "Goodbye Blue Sky" são as músicas que introduzem, junto com "In the Flesh?", a guerra no show. 
Aliás, em "Goodbye Blue Sky", pode-se notar uma severa crítica ao Governo, mais especificamente ao da Inglaterra. A bandeira inglesa se transforma em uma cruz fincada no chão e sangrando, significando que por trás do ideal de defender a bandeira se esconde a morte. "Foi assim que o Alto Comando tirou meu pai de mim", diz a letra de "When the Tigers Broke Free".
 
E é assim que o muro ganha sua pedra fundamental, seu primeiro tijolo; como é cantado na música "Another Brick in the Wall part I".
 
"The Happiest Days of Our Lives" e a clássica "Another Brick in the Wall part II" trazem à luz outro alicerce da sociedade: a educação. Roger Waters define a educação como alienante, porque por meio dela as crianças iriam perdendo sua identidade, passando a pensar da forma que o Governo quer que elas pensem. Destruir a escola seria uma atitude de quem não foi alienado pela educação. "Another Brick in the Wall part II" nada mais é que o símbolo da revolta. Não da revolta pura e simples, imotivada; mas de uma revolta consciente, feita por pessoas que não se acomodam e precisam se manifestar.
 
"Mother", outro fator determinante na formação da personalidade, está representado na big mother, a mãe superprotetora: "Mamãe vai te ajudar a construir o muro". As perguntas feitas à mãe na letra da música indicam a dependência entre mãe e filho, bem como, o controle por ela exercido, evidenciado nas frases: "Mamãe vai sempre descobrir onde você esteve", "Mamãe vai checar todas as suas namoradas", "Você será sempre um bebê para mim", entre outras.
"Mãe, será que devo construir o muro?". Aqui já se pode notar o desejo da criança de isolar-se do mundo. Ainda em "Mother", é possível observar um outro tema: o do relacionamento entre homem e mulher.
 
"Empty Spaces" fala sobre aquela fase em que os desejos sexuais começam a aflorar. O espaço vazio a que se refere o título é a necessidade de relacionar-se com o sexo oposto. Estes desejos se aprofundam ainda mais em Young Lust”: "Preciso de uma mulher safada...", em contraposição à mãe. 
"One of my Turns", pontua o momento em que a rotina desgasta e esfria o relacionamento. "Com o tempo eu envelheci, você se tornou fria e nada mais tem graça". "Don’t Leave me Now" é a hora da traição, que se consuma em "Another Brick in the Wall part III", erguendo mais um tijolo no muro.
Agora o muro está completo!!
 
A partir de "Goodbye Cruel World", a mudança. O adeus ao mundo real, e o início da vida no mundo dentro do muro. 
"Is There Anybody Out There", "Nobody Home" e "Vera", representam um período de introspecção e reflexão, sobre as causas e motivos que deram origem a cada tijolo. O muro é construído no inconsciente, e ele só é percebido quando já está muito alto.
 
"Comfortably Numb" é o climax da solidão e tristeza. Sem dúvida, esta música deve ocupar, juntamente com "Another Brick in the Wall part II", um lugar entre as melhores músicas do Rock mundial. No show, a esfera espelhada que sempre aparece com "Comfortably Numb", representa o desejo de projetar e externar a revolta, por meio dos raios de luz e do solo de guitarra.
 
"In the Flesh part II" e "Run Like Hell" ilustram a vontade de sair do isolamento e manifestar os sentimentos aprisionados.
 
"Waiting for the Worms", além de fazer referência à enganosa propaganda nazista, é o momento da guerra entre os martelos e os tijolos. Representa a luta contra o isolamento e suas causas. Mas lutar contra o isolamento não é nada fácil. O muro é forte, e em "Stop", vem o abatimento e o cansaço. 
"The Trial", é uma espécie de "Juízo Final", cada um é culpado por construir seu próprio muro; ao final da música, um grande coro grita: "Derrubem o muro". É a representação da sociedade. Ela não se importa nem questiona os motivos que levaram ao isolamento ou a quem cabe a culpa. O que importa é que o muro seja quebrado. E assim se faz.
 
"Outside the Wall" tem um significado especial: trata das pessoas que estão do outro lado do muro, que amam a pessoa que está isolada, mas que esta não consegue ver, e sendo assim algumas acabam desistindo. "Afinal não é fácil bater seu coração contra o muro de um louco errante."



Shadow/Mariasun


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