SÃO PAULO FORA DE CONTROLE
Quando Tio Zuzu ainda morava na Rua João Ramalho, em frente à PUC, nos idos da ditadura militar, acompanhou de perto os movimentos estudantis em suas diversas manifestações e protestos. Eles borbulhavam no interior da Universidade por meio de eventos culturais programados no Teatro Tibiriçá.
Pequenos grupos se formaram ali com o intuito de levar o teatro às
camadas populares tendo como pano de fundo a contestação e a conscientização.
Ele ainda se lembra da estreia e do impacto da peça Morte e Vida
Severina, em razão da ideologia do texto escrito por João Cabral de Melo Neto, estreitamente identificado com a realidade brasileira. A estreia foi um sucesso
estrondoso, inaugurando assim de fato o auditório Tibiriçá, com o grupo TUCA,
que a partir de então emprestou seu nome ao teatro.
Talvez o TUCA seja um dos marcos, ao lado das arcadas do Largo São Francisco, da resistência estudantil daquela época e do
movimento também conhecido como contracultura, o qual influenciou diversos
artistas brasileiros e o rico repertório musical da época.
Havia luta, havia coesão, havia ideologia, havia inteligência, havia romantismo, havia razão, havia propósito e até poesia.
Aqueles dias ainda permanecem vivos em sua memória, eles mudaram a história do país.
O tempo passou, Tio Zuzu se aposentou, mudou de endereço, foi para o Rio de Janeiro,
isolar-se em meio à mata do Alto da Boa Vista para ter um contato maior com a natureza.
E é de lá que ele olha, estarrecido, para os últimos acontecimentos em São
Paulo.
Escreveu ele laconicamente no twitter: Não reconheço mais os jovens
deste país.
Hoje ao acordar, enquanto tomava café abriu os principais sites de
notícias. As manchetes noticiavam a quarta noite de violência, depredação e
desolação em São Paulo, em razão do aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus. E
de mais um embate entre a Policia Militar com uma turba ensandecida e travestida de
manifestantes, munida de gasolina, coktails molotov, soco inglês, pedras, paus,
saquinhos com tinta para jogar nos policiais.... Tudo orquestrado pelo chamado
Movimento Passe Livre.
Mais uma vez a bela São Paulo, a cidade da garoa, a maior cidade da
América Latina, viu seus monumentos históricos e prédios serem pichados; vitrines e portas de vidro serem estilhaçados; ônibus
incendiados e depredados, população acuada, lixeiras queimadas,
estabelecimentos comerciais atacados e saqueados, pedras lançadas contra
motoristas que em seus carros não tinham rota de fuga, policiais feridos, arrastões em meio ao
congestionamento.
Quem é quem vai a uma manifestação com máscara, armado, disposto a incendiar e levar o caos à
cidade?
Será que o Movimento Passe Livre acha que tem passe livre para fazer o que quiser e parar a cidade?
Mas não é só isso. O que causa maior perplexidade e preocupação é o fato
da opinião pública, nas redes sociais e nas ruas, estar apoiando e avalizando a
ação violenta e desmedida desses baderneiros e arruaceiros, tratados como coitadinhos até pela imprensa, e
condenando sem perdão a ação da policia.
Tem algo muito errado!!!
Tem algo muito errado!!!
Claro que o que se viu nada tem a ver com os vinte centavos a mais na
tarifa de ônibus. Assim como as manifestações na Turquia nada tem a ver com a
construção de um parque. Essa foi apenas a gotinha d’água que faltava para transbordar.
Tem a ver com uma insatisfação generalizada que começa com os mensaleiros em
Brasília, a corrupção e a impunidade; com um transporte público de quinta; com a
criminalidade solta nas ruas e à conivência do Estado com o crime, ao dar aos
menores de idade licença para matar; com os arrastões diários em meio aos
congestionamentos; com a falta de investimentos na saúde e na educação, apesar
da alta carga tributária, uma das mais caras do Mundo, sem retorno algum para a
população.
Quem mora em São Paulo se sente inseguro, descontente e desamparado. E é esse sentimento latente que está levando ao caos.
Quem mora em São Paulo se sente inseguro, descontente e desamparado. E é esse sentimento latente que está levando ao caos.
A Polícia Militar não é a vilã nessa história, é tão vítima quanto. Ela
tem o dever de estabelecer a ordem, garantir o direito de ir e vir das pessoas
e a de proteger o patrimônio público. Não pode ficar assistindo passivamente ao
quebra-quebra generalizado, vandalismo e cruzar os braços. Estamos em estado de
guerra. Talvez quem melhor simbolize isso, seja aquele soldado cercado,
agredido e seriamente ferido a pedradas, por tentar evitar que a bela fachada
do Tribunal de Justiça fosse pichada, e que de arma em punho não revidou. Esse herói merece ser condecorado pelo Governador do
Estado.
Viver em São Paulo é estar num ringue de MMA diariamente sem árbitro.
Estamos à deriva, não há autoridade nesta cidade. A criminalidade corre solta, enquanto os
políticos se omitem ocupados demais com os mensalões, mensalinhos, corrupção e as próximas
eleições. O povo que se dane!
Após os últimos acontecimentos em São Paulo o Secretário de Segurança Pública deveria colocar o cargo à disposição, demonstrou que não tem competência para lidar com uma situação extrema e de emergência.
Após os últimos acontecimentos em São Paulo o Secretário de Segurança Pública deveria colocar o cargo à disposição, demonstrou que não tem competência para lidar com uma situação extrema e de emergência.
A população não aguenta mais, chegou ao seu limite; ou, os políticos
começam a olhar mais para os anseios da população, ou o que se viu voltará a se
repetir em maior escala, e movimentos outros, travestidos de representantes do anseio popular, terão “passe livre” para ocupar os espaços e buracos deixados pelo poder
público, tal como as milícias no Rio de Janeiro. Não, eles não são a voz do
povo. São oportunistas, vândalos, baderneiros, arruaceiros que visam lucrar futuramente com o caos, a violência e o
sangue em cima desta nossa vida severina. Portanto, Vereadores, Prefeito e
Governador eleitos e elevados ao cargo pelo voto popular, acordem! Ajam e
façam por merecer o poder que lhes foi delegado. Já está mais do que na hora.
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
É a terra que querias ver dividida
Shadow/Mariasun