DUPLA IDENTIDADE - EPISÓDIOS 9 E 10
NÃO POSSO PARAR, É IMPOSSÍVEL PRA MIM......
O cerco vai se
fechando para o Edu (Bruno Gagliasso), os episódios 9 e 10 mostram o assassino
frio sendo encurralado, ao tempo que vai escapando da policia, liso feito uma enguia.
Será o fim do serial killer?
O público já foi apresentado ao lado sombrio de cada personagem: Edu, e
seu prazer em torturar e matar num ritual meticulosamente planejado, comparável a uma obra de arte macabra; Ray (Débora Falabella), e a automutilação para não enfrentar
a dor e sofrimento do abandono, rejeição e falta de autoestima; Dias (Marcello Novaes), o delegado à espera de reconhecimento e de um dia vir a ser Secretário de
Segurança, para provar a si mesmo que não é um fracassado; Vera (Luana Piovani), e sua entrega à
profissão e a amores de ocasião para preencher um vazio existencial; Otto (Aderbal Freire Filho), o
senador implacável que se alimenta do poder e não mede esforços para mantê-lo, doa a quem
doer; Silvia (Marisa Orth), a mulher mal amada do senador, vaidosa manipuladora e ambiciosa, capaz
de construir ou destruir conforme sua vontade e caprichos.
O tempo todo, a sombra e a escuridão de cada um dos personagens
pincelados em tons de cinza, evidenciando o conflito entre o que são e aparentam
ser. A dupla identidade de cada um. A dança de opostos, a luz e a escuridão, o
desvio de comportamento que pessoas consideradas “boazinhas”, seguras, felizes
e aparentemente equilibradas e bem sucedidas possuem dentro si. A linha tênue que divide o
equilíbrio e o autocontrole dos desejos mais primitivos e perversos.
Carl Jung fez uma observação interessante a esse
respeito: "Até mesmo uma vida feliz não pode existir sem uma
medida de escuridão, e a palavra “feliz" perderia seu significado se não
fosse equilibrada pela “tristeza"."
É diante dessa terrível constatação que Glória Perez conduz o público.
Todos nós temos nosso lado sombrio. Ele é parte de nossa essência escondida e
excluída. Reprimida, pode se transformar em maus pensamentos e atitudes
extremas, porém, compreendida, a sombra pode levar ao caminho da plenitude;
vale lembrar: a palavra “feliz" perderia seu significado se não fosse
equilibrada pela “tristeza"... Não somos perfeitos, é preciso deixar
de lado essa ilusão e não temer nosso lado obscuro, para poder ver o mundo e equilibrá-lo, a ele a
nós mesmos, sob uma nova luz e uma nova perspectiva. Essa é a empatia das pessoas com a série e o
impacto de Dupla Identidade.
O poder de
confrontar o medo é o que incita Vera e Edu e, a razão dele insistir em dizer que “eles
são iguais”. Não deixa de ter razão. Longe de ser assustador, ambos se sentem
desafiados a abraçar e a tocar o lado sombrio.
Sem sombra de dúvida (não resisti ao trocadilho rsss...), a série é
densa ao abordar os temas e a personalidade de cada personagem: Até que ponto a
justiça não se curvará à política? O sádico serial killer ficará impune? Perguntas que pairam o tempo todo no ar.
É espantosa a habilidade, sutileza e capacidade que Edu tem de envolver
a todos: os voluntários da ONG, a incauta Ray, Tati ((Brenda Sabryna) a ingênua
filha do delegado, o entorpecido noivo de uma das vítimas e até ao ambicioso
senador e sua descolada mulher. O “bom moço” que é capaz de organizar uma festa
de aniversário para uma garotinha sem pai, filha de uma mãe instável. Quem
poderia desconfiar de seu lado doentio e sombrio?
O pessoal do sofá a esta altura tenta entender, o que o move a cometer crimes com tamanha atrocidade e
perversidade, qual a sua história, haverá algo que justifique seu comportamento, ou, simplesmente, não há razão que justifique seus atos?
Seguindo essa linha de pensamento, Vera - a obcecada psiquiatra
forense - consegue confirmar suas suspeitas, enquanto Dias tateia em terreno minado. Na ONG
onde Edu é voluntário obtém detalhes do histórico de uma das vítimas e de sua ligação com o assassino. Em contrapartida, e ciente disso, ele parece não se
importar ou estar muito preocupado com a investigação que aponta em sua direção. Terá algum plano mirabolante para escapar?
À medida que a história avança a tensão e a polarização entre Edu e Vera
aumentam; em seu antagonismo, ele não se deixa intimidar, pelo contrário,
sente-se desafiado a provar que é mais esperto, na certeza de que esse jogo de
gato e rato, é dele.
Mas excesso de confiança nunca foi boa conselheira. Ele comete erros e após
a tentativa frustrada de fazer mais uma vítima, uma garota de programa (Ana
Paula Bouzas), é parado por uma blitz policial. O policial desconfia ao encontrar
no carro itens como máscara ninja, luvas cirúrgicas e um estilete e, seguindo
seu feeling, decide levá-lo para averiguação na delegacia. Logo é liberado, mas fica o registro da ocorrência e do material apreendido. E eis que,
uma foto no jornal faz com que a vítima (a prostituta que escapou) reconheça o homem que a agrediu e
descubra que ele estará em um coquetel com o senador. Não dá outra. Enfurecida
e enraivecida vai até o local, e faz um escândalo de lavar a alma, isso na
frente do delegado Dias. Será o começo do fim do assassino em série?
É detido, claro! Mas não por muito tempo... Afff....
Não esqueça que o Edu é apadrinhado do senador, e como quem tem padrinho
não morre pagão... não tarda a conseguir um habeas corpus e a ganhar a
liberdade para continuar aprontando das suas. Até mesmo porquê o senador está em campanha
eleitoral e não quer ver seu nome envolvido em escândalos ou sua imagem
arranhada por conta da prisão de seu suplente. Acho que já vi esse filme antes!
Seu olhar é sempre sinistro. Ao entrar sorrateiramente à noite com uma lanterna na mão no apartamento da Ray e abaixar-se para observá-la, tem-se a impressão de que irá devorá-la. Mas não passa de uma visitinha rápida, apenas para dar um sustinho na Ray e no público, e deixá-la mais confusa do que ela já é.
Impassível volta para casa e sua nada invejável coleção de souvenirs. Dentro da geladeira, misturada ao leite, margarina e frutas, a cabeça de uma das vítimas, eca! Muito sinistro isso!
Definitivamente, ele não deve ser subestimado: antecipa e calcula os passos de Vera com precisão matemática, seduz a filha do delegado, consegue que ingenuamente a menina leve para casa a cabeça de uma das vítimas (claro, com a policia em seu encalço, tinha que tirá-la da geladeira). Mas, a ousadia em colocar na casa do delegado a prova do crime, é de um de um atrevimento e destemor sem a menor noção de punibilidade ou culpa.
Seu olhar é sempre sinistro. Ao entrar sorrateiramente à noite com uma lanterna na mão no apartamento da Ray e abaixar-se para observá-la, tem-se a impressão de que irá devorá-la. Mas não passa de uma visitinha rápida, apenas para dar um sustinho na Ray e no público, e deixá-la mais confusa do que ela já é.
Impassível volta para casa e sua nada invejável coleção de souvenirs. Dentro da geladeira, misturada ao leite, margarina e frutas, a cabeça de uma das vítimas, eca! Muito sinistro isso!
Definitivamente, ele não deve ser subestimado: antecipa e calcula os passos de Vera com precisão matemática, seduz a filha do delegado, consegue que ingenuamente a menina leve para casa a cabeça de uma das vítimas (claro, com a policia em seu encalço, tinha que tirá-la da geladeira). Mas, a ousadia em colocar na casa do delegado a prova do crime, é de um de um atrevimento e destemor sem a menor noção de punibilidade ou culpa.
Novas pistas, novas provas... novamente é conduzido à delegacia, e, quase leva o delegado à loucura pondo a investigação a perder quando este, por meio da escuta da policia, descobre que sua filha pode estar envolvida com o assassino; Dias descontrolado e num ataque de fúria, o agride na sala de interrogatório, diga-se, tudo o que o Edu queria. Pois é... sabe criar o caos ao seu redor com a sutileza de um predador.
O Edu pode estar encurralado, mas ele ainda
não está derrotado. Fato!
Você não imagina o que passa na cabeça de um serial killer. Ainda bem!!!
O trabalho DUPLA IDENTIDADE - EPISÓDIOS 9 E 10 de MARIASUN MONTAÑÉS está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.