quarta-feira, 18 de julho de 2018




O LEGADO DA COPA 2018 AO BRASIL - PARTE II




Apesar do ufanismo dos comentaristas de uma rede de televisão, a grande maioria dos brasileiros manteve-se distante do último Mundial de futebol. Nada de bandeiras verde-amarelas estendidas nas janelas, tremulando nos carros ou ruas enfeitadas e coloridas à espera do evento, como em outrora.

O desinteresse era visível. O país do carnaval e da bola parece haver mudado. Não é mais o mesmo. O foguetório e o buzinaço pela prisão de Luís Inácio Lula da Silva revelou muito mais euforia, que a tímida comemoração pelo primeiro gol do Neymar na Copa. Talvez porque neste momento este seja o país da Lava Jato e o seu autêntico craque, o Juiz Sergio Moro, vista terno.

Os brasileiros estão desiludidos, e não é de hoje. Eles estão/estamos cansados da roubalheira descarada e das promessas não cumpridas, como aquelas feitas há quatro anos para justificar os altos investimentos na realização de uma Copa do Mundo, num país agonizante. Isso acaba com qualquer paixão!!!

Em 2007, Lula ao lado de Orlando Silva, seu Secretário de Esportes, afirmava que não haveria um centavo de dinheiro do Governo Federal nas Arenas e que o legado urbanístico e de infraestrutura seria uma realidade, geraria empregos, traria melhorias importantes às cidades-sede e riquezas para o país. Tolo aquele que acreditou!!!

O que se viu foi o despejo de generosas porções de dinheiro público em Estádios, em obras até hoje inacabadas e em outras que sequer chegaram a sair do papel.

Nessa mesma época, Ronaldo Nazário, vulgo Fenômeno, ex-camisa 9 da Seleção, quando questionado se o povo não preferiria hospitais e segurança ao invés de Estádios, respondeu: "Acho que se gasta com tudo. Está sendo gasto muito dinheiro em saúde, em segurança, mas vamos receber a Copa. Sem Estádio não se faz Copa, amigo. Não se faz Copa do Mundo com hospital. Tem que fazer Estádio".

Pois é... passados quatro anos... dos doze superfaturados Estádios aos quais o Ronaldo se refere, construídos pelas "empreiteiras amigas" do Lula, quatro hoje estão às moscas e abandonados: Arena Amazônia, em Manaus; Arena das Dunas, em Natal; Arena Pantanal, em Cuiabá; Mané Garrincha, em Brasília... Elefantes brancos erguidos a preço de ouro em detrimento de hospitais e escolas.

É a realidade nua e crua dando a sua resposta.

Não é preciso ser um especialista ou participar de mesas redondas sobre o assunto para saber porque a quatro Mundiais o Brasil tem colecionado sucessivas derrotas em campo. As razões pouco diferem das que resultam no fiasco e agruras políticas e econômicas do país. Trata-se do oportunismo. Malandragem. Corrupção. Vale-tudo.

Ronaldo, por exemplo, continua traçando os rumos da seleção no gramado. Em 2018 voltou a campo substituindo a 9ine pela Octogon Brazil, agência de marketing esportivo, que cuida da gestão de imagem, negociação com patrocinadores e contratos dos principais atletas do país e de jogadores como Neymar e Gabriel Jesus.

O futebol brasileiro está no purgatório por conta dessas empresas de marketing como a Octognon, cartolagem, patrocinadores e uma emissora de TV. São eles que determinam aqueles que devem ser indicados e escalados para a Seleção, do técnico, jogadores à Comissão Técnica, até as mães de quais atletas irão participar de um programa de TV nas tardes de sábado, no período que antecede a Copa.

Para demonstrar o acerto da escalação, tentam convencer aos torcedores de que o jogador que patrocinam e tropeça nas pernas em campo, é melhor que aquele que está no banco; ou, tentam explicar as derrotas com um “jogamos melhor, mas a sorte não estava do nosso lado”. É a descaracterização do futebol, onde imagem, patrocínio e publicidade, contam mais que treino, foco, técnica e competência.

Vangloriam-se do pentacampeonato e não conseguem ver que as cinco estrelas foram conquistadas em outra época e por outros jogadores como Pelé, Zico, Romário, Kaká, quando o talento, habilidade e o espírito de equipe - que hoje se vê nas Seleções de outros países - eram critérios para vestir a camisa canarinho.

Os valores e a meritocracia estão em xeque. É o que anda faltando na Seleção brasileira de futebol. É o que anda faltando no país. Aliás, o esforço é grande para sufocá-los.

No período que compreendeu o Mundial foi possível ver, sentir e indignar-se com o mau uso do espetáculo para a execução de ações nada ortodoxas pelo pessoal lá de Brasília. Apostou-se no torpor diante do evento para ludibriar aos brasileiros. Esse foi o amargo legado da Copa.

Ao tempo em que Neymar se apequenava, rompendo as regras do fair play, da boa ética e lealdade aos adversários, abusando em campo do vale-tudo e do “jeitinho” para cavar faltas e pênaltis, o time dos homens de preto fazia o mesmo, mostrando estar disposto a driblar todo um país, enquanto as pessoas, “distraídas”, acompanhavam os jogos da Seleção brasileira.

Sem brincar em serviço, a Segunda Turma da Suprema Corte do país concedeu Habeas Corpus e determinou a soltura do criminoso José Dirceu, condenado em duas Instâncias e partícipe dos dois maiores escândalos de corrupção do país: o Mensalão e o Petrolão.

Na esteira do banditismo e da “terra sem leis”, apostando no poder anestésico do futebol, o desembargador do Tribunal Regional Federal-4, Rogério Favreto, durante o seu plantão, numa articulação odienta com três deputados petistas, concedeu Habeas Corpus e a liberdade imediata ao maior ladrão do mundo contemporâneo, o Lula, transformando um domingo de descanso numa guerra de liminares.

O intento só não foi alcançado porque, ao contrário do entorpecimento esperado, as pessoas e a imprensa estavam atentas e com os olhos voltados para o Brasil, não para a Rússia. As redes sociais ferveram mostrando toda a indignação da população diante da torpe tentativa em premiar a impunidade e golpear a Justiça.

A situação escabrosa colocou em xeque o Poder Judiciário do país, desmoralizou os integrantes do TRF-4 e atacou a brilhante decisão dos três Desembargadores desse mesmo Tribunal, que condenou o réu Luís Inácio da Silva em Segunda Instância.

Pouco se importando com isso e embalado pela diversão em libertar bandidos, com a Seleção brasileira já eliminada nas quartas de final, o Ministro do Supremo Tribunal, Marco Aurélio de Melo, também resolveu deixar o seu legado para que nunca mais nos esqueçamos desta Copa. Concedeu Habeas Corpus e a liberdade ao presidiário Leomar Oliveira Barbosa, bandido de alta periculosidade conhecido internacionalmente, ex-braço direito do traficante Fernandinho Beira-Mar, condenado em Segundo Grau de Jurisdição e que responde a outros Processos-Crime. Tudo porque ao igual que Neymar, Marco Aurélio quer impor suas próprias regras à Suprema Corte, tratando a soltura de criminosos como se fosse um jogo de futebol, driblando o que o Plenário já decidiu e mandando a prisão por condenação em Segunda Instância pra escanteio.

Não adianta dizer que fez ressalvas ou que os agentes penitenciários são os responsáveis por mais esse absurdo jurídico. O erro começou com a decisão de Marco Aurélio e toda responsabilidade pela soltura desse criminoso, cabe a ele.

O problema quando se trata dos homens de preto, é que em campo o árbitro de uma partida pode punir o Neymar com cartão amarelo, vermelho e até a expulsão por suas faltas e chicanas, no entanto, em razão da estabilidade e inamovibilidade que a lei concede aos togados, infelizmente, isso não é possível. Hoje, o maior adversário do país e dos brasileiros é o Supremo Tribunal Federal.

Aliás, estamos sendo derrotados diariamente pelos três Poderes da República.

O Poder Executivo não existe mais. Michel Temer encontra-se enfraquecido, engessado e desacreditado em meio a escândalos e chantagens políticas. Sequer conseguiu levar adiante as Reformas e Ajustes Fiscais que eram necessários para fazer o país avançar e sair da crise, e que seriam o maior legado de seu mandato tampão para o futuro.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o Poder Legislativo, fazem a gente torcer pra entrarem logo em recesso, pois, as duas Casas votando matérias, são um risco maior para o Brasil que a Alemanha no histórico 7x1.

Graças à última votação do Congresso Nacional, o próximo Presidente – seja ele quem for – receberá um país falido.

Pensando em se reelegerem e não no país ou nos brasileiros, em sessão conjunta, Câmara e Senado, antes das férias julinas, de forma irresponsável, resolveram chutar a bola pra longe ao votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019, abrindo o cofre, reduzindo o corte das despesas e criando gastos que o Governo não terá como pagar.

Sem a menor previsão ou esquema tático, preocupados apenas em jogar pra galera, constituída de funcionários públicos e outros setores relevantes para suas campanhas eleitorais, esvaziaram ainda mais a bola e aprofundaram o buraco das contas públicas para o ano que vem, algo ao redor de R$ 72 bilhões. Não se importaram com a saúde fiscal do país, com o desemprego, com a sobrevivência da indústria e da Economia, com os pesados déficits que pressionam cada vez mais a dívida interna... Apesar de saberem que a conta vai chegar... Ela sempre chega...

O pentacampeonato não garante o hexa. Mas o voto correto nas urnas garante as mudanças. Cabe a cada um decidir qual o legado que quer para este combalido país, no tempo da prorrogação que ainda lhe resta.





Não é a política que faz o candidato virar ladrão.
É o seu voto que faz o ladrão virar político.


Shadow/Mariasun Montañés



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