
DIÁRIO DE MÃE
Lá estava Bia com as pequeninas mãos estendida, segurando cheia de orgulho um cartão cor de rosa. Com delicadeza Valquíria pegou o lindo presente e o abriu. Nele, em letras que pareciam ter sido bordadas, estava escrito: “Mamãe eu te Amo”.

Quanta saudade!
Quando é que o desencontro entre mãe e filho começa?

E o desacerto das duas quando tinha 15 anos? Naquela época os conflitos foram inevitáveis. Julgava que sua mãe fazia de tudo para ferrá-la e contrariá-la, parecia não ver que os tempos

Aos 18 anos, acreditou que seria a ruptura definitiva, o derradeiro corte do

Apesar disso, houve um momento em que Valquíria de fato se deu conta de que trilhava um


E assim a vida foi seguindo. O tempo foi inexoravelmente aumentando a distância de Valquíria com a sua mãe, mesmo que de vez em quando Dna. Rosa aparecesse, como que pra ter certeza de que tudo estava bem. Apesar dos cabelos cada vez mais grisalhos, ela pouco mudara, continuava a ser aquela mulher admirável sábia, amiga, conselheira, anjo da guarda, papéis que lhe cabiam tão bem e que somente ela poderia protagonizar.

Valquíria achava que seria assim pra sempre, mas o final dessa história foi ela quem escreveu. Sem mandar aviso ou recado, resolveu partir. Assim, sem mais nem menos, sem data marcada, sem um último abraço.
Passado algum tempo, ela retornou à casa materna para separar alguns objetos. Foi quando encontrou escondida no fundo do armário uma caixa meio envelhecida pelo tempo, com marcas amareladas como a indicar que fora aberta e
manuseada muitas e muitas vezes. Ao abrí-la, qual não foi a sua surpresa, ao ver espalhados em seu interior os vários cartões e presentinhos que havia feito e dado a Dna. Rosa por ocasião do Dia das Mães, Natal,...Todos ali guardados, ao longo dos anos, com imenso carinho, como preciosos tesouros, dentre os quais aquele primeiro cartão cor de rosa, escrito com tanta dificuldade, quando ainda estava sendo alfabetizada: “Mamãe eu te amo”.

E no terno abraço trocado agora com a Bia, teve a estranha sensação de estar sendo abraçada também por Dna. Rosa, nesse momento, uma lágrima rolou em seu rosto ao lembrar de sua mãe.
“Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos”. Friedrich Nietzsche
A todas as Amigas deste Cantinho,
aquela que é mãe,
aquela que pretende ser mãe,
aquela que tem sua mãe ao lado ou no coração,
UM FELIZ DIA DAS MÃES!!!
Shadow/Mariasun
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