BRASIL, UM PAÍS DE REALIDADES PARALELAS
Viver no Brasil é como oscilar diariamente entre duas realidades
distintas; mundos idênticos, com as mesmas características e pessoas, que
funcionam de forma diferente, onde os mesmos fatos produzem resultados
diametralmente opostos. Essa bipolaridade é estranha e perturbadora!
Sim, há outras
leis operando no mundo, além daquelas que conhecemos e cremos.
No decorrer de 2014, em um
curto espaço de tempo, vimos:
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolver Paulo Maluf, permitindo a sua
diplomação ao cargo de deputado federal para mais quatro anos de mandato em
Brasília, apesar de sua condenação anterior por improbidade administrativa pelo
TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, abrindo-se assim, a temporada
de relativização da ficha limpa; quem viver verá.
Porém, numa outra realidade, o mesmo Paulo Maluf não pode - sequer - sair do
país por correr o risco de ser preso pela Interpol (ele está na lista dos vinte
brasileiros mais procurados), que o enviaria com passagem apenas de ida aos Estados Unidos, onde responde
a processos por crime de lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público do
Brasil.
Vimos:
O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovar as contas da candidata a Presidente
pelo PT, está certo que com ressalvas, mas aprovou. Isso, apesar de a segunda
maior fornecedora de sua campanha ter sido a “Focal Confecção e Comunicação
Visual”, diga-se, uma empresa fantasma, supostamente sediada em São Bernardo do
Campo (a terra do Lula), cujo maior contribuinte, consta, é Elias Silva Matos,
um motorista com salário mensal de R$ 2 mil reais, mas que teria doado R$ 24
milhões de reais para a campanha. Viram como tudo é fantástico e funciona às avessas
nessa realidade?
Na paralela, os técnicos do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) que analisaram a prestação de contas da candidata do PT à
Presidência em 2014, Dilma Rousseff, recomendaram a rejeição das contas, o que
impediria a sua diplomação para mais um mandato.
Vimos:
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito)
da Petrobras instaurada pelo Senado a fim de mostrar serviço ao povo, digo, apurar
irregularidades na estatal no período de 2005 a 2014 na compra da Refinaria de
Pasadena, lançamento de plataformas inacabadas, pagamento de propina a
funcionários da estatal e superfaturamento na construção de refinarias... lavar
as mãos como Pilatos, ao "terceirizar” para outras autoridades o pedido de
punição aos suspeitos no esquema de corrupção da Petrobras, segundo Relatório
Final do senador Marco Maia (PP); ou seja, “investigou” e concluiu nada.
Enquanto isso, em uma outra realidade, auditores e advogados do Tribunal de
Contas da União (TCU), da Receita Federal e do Banco Central, ao analisarem
para o Congresso, incluindo-se aí o mesmo senador Marco Maia, a documentação
dos negócios da Petrobras - dentre elas - a da SBM (empresa holandesa), apuraram
que a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco para a construção
do navio-plataforma P-57. Isso mesmo: em branco! O contrato “não contém informação
expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos por escrito à “Comissão
Parlamentar de Inquérito”, que naquela realidade fantástica em que vive, não
viu nada de errado nisso; apesar de, a Receita e o Ministério Público da
Holanda terem apurado o pagamento de propinas a funcionários do governo
brasileiro e condenado a empresa ao pagamento de pesadas multas. Nessa mesma
realidade em que a empresa holandesa foi punida por ser corruptora, se o diretor
de qualquer empresa seja ela estatal ou privada/grande ou pequena, ousar fazer
um contrato em branco, será demitido por justa causa, além de ser
processado criminalmente e na esfera civil, com pedido de indenização pelas perdas sofridas. Aliás, alguém aqui entregaria a uma concessionária de veículos um cheque assinado e em branco na compra de um carro, para que o valor fosse acrescentado depois?!?
Vimos:
Graça Foster, Presidente da Petrobras, dizer em depoimento à CPI da
Petrobras em junho último, que "jamais ouvira falar antes de corrupção na
empresa". Essa deve viver em uma terceira realidade, só pode! Ela
olvidou (ou fez pouco caso mesmo da CPI) de ter sido informada pelo Ministério
Público holandês sobre propinas pagas pela empresa holandesa SBM na venda à
Petrobras de um navio-plataforma; além disso, por meio de e-mails que datam de
2007, Venina Velosa da Fonseca, então gerente da estatal, a alertou sobre a
derrama de dinheiro na Refinaria Abreu e Lima, e, continuou a enviar-lhe e-mails até 2011, oferecendo-se para contar à "chefona" tudo o que sabia sobre os desmandos
e as irregularidades nos contratos e obras da empresa. Além de não obter resposta,
esta - como “prêmio” - foi enviada para a Conchinchina, digo, Cingapura a fim
de “reciclar-se”, onde foi tão aplicada, que não tardou a constatar
irregularidades também naquela parte do mundo e, novamente fez a sua parte:
alertou os mesmos. Apesar disso, Graça Foster segue ocupando a Presidência da
Estatal e, o pior, tendo o apoio incondicional da Presidente da República. É de pasmar!!!
Em qualquer outra realidade, a Presidente Dilma Rousseff, ante as graves denúncias noticiadas e documentadas inclusive por e-mails e, pelo
bem e sobrevida da empresa e devida apuração dos fatos, teria determinado o
afastamento sumário da Presidente da Estatal do cargo, por mais amigas e
confidentes que sejam. E (des)Graça Foster hoje seria uma das principais rés da Operação Lava
Jato, juntamente com seu antecessor, Sergio Gabrielli; aliás, no mais recente
processo aberto contra a Petrobras na cidade norte-americana de Providence,
capital do Estado de Rhode Island, Graça Foster é uma das rés.
Vimos:
O Mensalão, o vergonhoso escândalo de corrupção política de compra de votos de
parlamentares virar crime de bagatela ante o que se apurou no Petrolão. E nessa
realidade petista, do julgamento à prisão de José Dirceu, Genoíno, Delúbio
Soares, ver o que deveria ter um curso normal e natural, ser desvirtuado até por Ministros do
STF (indicados pelo partido), que chegaram a lutar contra a Constituição para
dificultar a aplicação da lei e o cumprimento da pena de “seus companheiros” (que hoje já estão livres e soltos para continuar a agir).
Numa outra realidade, quem comete um crime, vai para a cadeia como todo e qualquer bandido no resto do mundo. E se o crime é contra o patrimônio público, a pena é
agravada, sem prejuízo do sequestro dos bens pessoais para que se recomponha o dinheiro
que tiver sido desviado ou roubado do povo.
Vimos:
Lula, o ex-presidente e cabo eleitoral de Dilma, discursar nos palanques
Brasil afora contra uma “demoníaca elite branca”, classe média “fascista”, “exploradora do
povo”, feito um pregador disposto a exorcizar "os males do país".
O mesmo Lula que, na realidade paralela, irá passar nababescamente o Reveillon, assistindo à queima de fogos da ampla sacada de seu nada humilde triplex, no Guarujá, área nobre do litoral paulista.
O mesmo Lula que, na realidade paralela, irá passar nababescamente o Reveillon, assistindo à queima de fogos da ampla sacada de seu nada humilde triplex, no Guarujá, área nobre do litoral paulista.
Detalhe: esse “meu triplex minha vida” foi construído
pela OAS, empresa contratada por João Vaccari Neto (tesoureiro do PT responsável por irrigar as campanhas de três partidos com o dinheiro desviado da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa) e investigada pela Operação Lava-Jato, adquirido por Luis
Inácio da Silva, vulgo Lula, da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários
de São Paulo); a mesma Bancoop acusada de irregularidades financeiras e que deixou três mil
famílias “sem teto” e a ver navios, à espera de seus imóveis. Ou seja, no mínimo,
essas três mil famílias deveriam invadir o famoso triplex, como o MTST tem
invadido imóveis por aí sob o comando do companheiro Guilherme Boulos, ao menos, para assistir à queima de fogos de camarote,
diga-se, um camarote pelo qual elas pagaram mas não levaram.
Vimos:
A candidata
tornar-se Presidente para mais um mandato de quatro anos, e tivemos a certeza de que a
candidata e a Presidente Dilma pertencem a mundos diferentes, aquela pertence à realidade paralela construída por João Santana, e a outra, ao pesadelo dos brasileiros e brasileirinhas.
Nesta realidade, a
candidata hoje Presidente, em nada faz lembrar a da campanha. Para ela, os desmandos havidos na
Petrobrás, cujas investigações se estendem aos Estados Unidos, Holanda e Suíça, são algo trivial e corriqueiro, haja vista que, “o país todo seria
corrupto”. Ora, ora, ora, nessa realidade pelo visto, as pessoas costumam
avaliar umas às outras por sua própria régua. Não, o cidadão comum não nomeou e
nem nomearia Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró, Graça Foster,
Sergio Gabrielli sequer para síndicos de prédio, quanto mais, para comandar a
Petrobras, a maior e mais importante empresa estatal do país.
Durante
a campanha, aquela candidata, mostrou-se disposta a enfrentar a corrupção com
destemor, "coração valente", punindo o crime “doesse a quem doesse”, para o bem do Brasil e da economia.
Após
a reeleição, a Presidente, a mesma que propalava eficiência e destemor quando
candidata, esquiva-se de tomar medidas imediatas e urgentes para
demonstrar ao povo, mercado e investidores, que o Governo não é conivente com a
mentira e a roubalheira que assolam o país. Esquece que a disposição para enfrentar a corrupção depende
de atitudes e não de discursos falaciosos, para isso já deveria ter demitido todos
os apaniguados das estatais, substituindo-os por técnicos especializados e de
carreira, sem vinculações partidárias.
A candidata Dilma, que
criticava a política do aumento de juros, do reajuste dos combustíveis e
tarifas públicas, ao ser reeleita e sem perder tempo liberou geral: os juros
aumentaram, combustíveis foram reajustados, energia elétrica idem, envolvidos em corrupção permanecem em seus cargos; em
consequência o dólar subiu, o poder aquisitivo diminuiu, o comércio estagnou, o consumo caiu inclusive neste Natal, investidores debandaram, a Bolsa despencou assim como a credibilidade da Presidente,
detalhe: isso tudo, sem que o segundo mandato tenha começado.
Tudo o que o povo quer e deseja
é o cumprimento das promessas da candidata daquela outra realidade paralela.
Apenas isso.
Que venha 2015: troca de Ministros, escândalos, barganha de cargos em troca de apoio, superfaturamento de obras para as Olimpíadas, inquéritos federais, ações penais contra empreiteiros e políticos, inflação, criação de novos impostos ao invés de cortes radicais nos gastos públicos, queda do poder aquisitivo, invasões a propriedades particulares e públicas promovidas e orquestradas pelos companheiros do MST MTST, desemprego, endividamento...!!!
E que Deus nos ajude nesta realidade...!!!
Difícil dizer o que é verdade, mas às vezes é fácil identificar a mentira... (Albert Einstein)
Shadow/Mariasun Montañés