sábado, 27 de dezembro de 2014

 

BRASIL, UM PAÍS DE REALIDADES PARALELAS



Viver no Brasil é como oscilar diariamente entre duas realidades distintas; mundos idênticos, com as mesmas características e pessoas, que funcionam de forma diferente, onde os mesmos fatos produzem resultados diametralmente opostos. Essa bipolaridade é estranha e perturbadora! 

Sim, há outras leis operando no mundo, além daquelas que conhecemos e cremos. 

No decorrer de 2014, em um curto espaço de tempo, vimos:

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolver Paulo Maluf, permitindo a sua diplomação ao cargo de deputado federal para mais quatro anos de mandato em Brasília, apesar de sua condenação anterior por improbidade administrativa pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, abrindo-se assim, a temporada de relativização da ficha limpa; quem viver verá.
 
Porém, numa outra realidade, o mesmo Paulo Maluf não pode - sequer - sair do país por correr o risco de ser preso pela Interpol (ele está na lista dos vinte brasileiros mais procurados), que o enviaria com passagem apenas de ida aos Estados Unidos, onde responde a processos por crime de lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público do Brasil.

Vimos:

O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovar as contas da candidata a Presidente pelo PT, está certo que com ressalvas, mas aprovou. Isso, apesar de a segunda maior fornecedora de sua campanha ter sido a “Focal Confecção e Comunicação Visual”, diga-se, uma empresa fantasma, supostamente sediada em São Bernardo do Campo (a terra do Lula), cujo maior contribuinte, consta, é Elias Silva Matos, um motorista com salário mensal de R$ 2 mil reais, mas que teria doado R$ 24 milhões de reais para a campanha. Viram como tudo é fantástico e funciona às avessas nessa realidade? 

Na paralela, os técnicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que analisaram a prestação de contas da candidata do PT à Presidência em 2014, Dilma Rousseff, recomendaram a rejeição das contas, o que impediria a sua diplomação para mais um mandato.
 
Vimos:

A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras instaurada pelo Senado a fim de mostrar serviço ao povo, digo, apurar irregularidades na estatal no período de 2005 a 2014 na compra da Refinaria de Pasadena, lançamento de plataformas inacabadas, pagamento de propina a funcionários da estatal e superfaturamento na construção de refinarias... lavar as mãos como Pilatos, ao "terceirizar” para outras autoridades o pedido de punição aos suspeitos no esquema de corrupção da Petrobras, segundo Relatório Final do senador Marco Maia (PP); ou seja, “investigou” e concluiu nada. 

Enquanto isso, em uma outra realidade, auditores e advogados do Tribunal de Contas da União (TCU), da Receita Federal e do Banco Central, ao analisarem para o Congresso, incluindo-se aí o mesmo senador Marco Maia, a documentação dos negócios da Petrobras - dentre elas - a da SBM (empresa holandesa), apuraram que a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco para a construção do navio-plataforma P-57. Isso mesmo: em branco! O contrato “não contém informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos por escrito à “Comissão Parlamentar de Inquérito”, que naquela realidade fantástica em que vive, não viu nada de errado nisso; apesar de, a Receita e o Ministério Público da Holanda terem apurado o pagamento de propinas a funcionários do governo brasileiro e condenado a empresa ao pagamento de pesadas multas. Nessa mesma realidade em que a empresa holandesa foi punida por ser corruptora, se o diretor de qualquer empresa seja ela estatal ou privada/grande ou pequena, ousar fazer um contrato em branco, será demitido por justa causa, além de ser processado criminalmente e na esfera civil, com pedido de indenização pelas perdas sofridas. Aliás, alguém aqui entregaria a uma concessionária de veículos um cheque assinado e em branco na compra de um carro, para que o valor fosse acrescentado depois?!?

Vimos:

Graça Foster, Presidente da Petrobras, dizer em depoimento à CPI da Petrobras em junho último, que "jamais ouvira falar antes de corrupção na empresa". Essa deve viver em uma terceira realidade, só pode! Ela olvidou (ou fez pouco caso mesmo da CPI) de ter sido informada pelo Ministério Público holandês sobre propinas pagas pela empresa holandesa SBM na venda à Petrobras de um navio-plataforma; além disso, por meio de e-mails que datam de 2007, Venina Velosa da Fonseca, então gerente da estatal, a alertou sobre a derrama de dinheiro na Refinaria Abreu e Lima, e, continuou a enviar-lhe e-mails até 2011, oferecendo-se para contar à "chefona" tudo o que sabia sobre os desmandos e as irregularidades nos contratos e obras da empresa. Além de não obter resposta, esta - como “prêmio” - foi enviada para a Conchinchina, digo, Cingapura a fim de “reciclar-se”, onde foi tão aplicada, que não tardou a constatar irregularidades também naquela parte do mundo e, novamente fez a sua parte: alertou os mesmos. Apesar disso, Graça Foster segue ocupando a Presidência da Estatal e, o pior, tendo o apoio incondicional da Presidente da República. É de pasmar!!!

Em qualquer outra realidade, a Presidente Dilma Rousseff, ante as graves denúncias noticiadas e documentadas inclusive por e-mails e, pelo bem e sobrevida da empresa e devida apuração dos fatos, teria determinado o afastamento sumário da Presidente da Estatal do cargo, por mais amigas e confidentes que sejam. E (des)Graça Foster hoje  seria uma das principais rés da Operação Lava Jato, juntamente com seu antecessor, Sergio Gabrielli; aliás, no mais recente processo aberto contra a Petrobras na cidade norte-americana de Providence, capital do Estado de Rhode Island, Graça Foster é uma das rés. 

Vimos:

O Mensalão, o vergonhoso escândalo de corrupção política de compra de votos de parlamentares virar crime de bagatela ante o que se apurou no Petrolão. E nessa realidade petista, do julgamento à prisão de José Dirceu, Genoíno, Delúbio Soares, ver o que deveria ter um curso normal e natural, ser desvirtuado até por Ministros do STF (indicados pelo partido), que chegaram a lutar contra a Constituição para dificultar a aplicação da lei e o cumprimento da pena de “seus companheiros” (que hoje já estão livres e soltos para continuar a agir).

Numa outra realidade, quem comete um crime, vai para a cadeia como todo e qualquer bandido no resto do mundo. E se o crime é contra o patrimônio público, a pena é agravada, sem prejuízo do sequestro dos bens pessoais para que se recomponha o dinheiro que tiver sido desviado ou roubado do povo.
Vimos:

Lula, o ex-presidente e cabo eleitoral de Dilma, discursar nos palanques Brasil afora contra uma “demoníaca elite branca”, classe média “fascista”, “exploradora do povo”, feito um pregador disposto a exorcizar "os males do país". 

O mesmo Lula que, na realidade paralela, irá passar nababescamente o Reveillon, assistindo à queima de fogos da ampla sacada de seu nada humilde triplex, no Guarujá, área nobre do litoral paulista. 

Detalhe: esse “meu triplex minha vida” foi construído pela OAS, empresa contratada por João Vaccari Neto (tesoureiro do PT responsável por irrigar as campanhas de três partidos com o dinheiro desviado da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa) e investigada pela Operação Lava-Jato, adquirido por Luis Inácio da Silva, vulgo Lula, da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo); a mesma Bancoop acusada de irregularidades financeiras e que deixou três mil famílias “sem teto” e a ver navios, à espera de seus imóveis. Ou seja, no mínimo, essas três mil famílias deveriam invadir o famoso triplex, como o MTST tem invadido imóveis por aí sob o comando do companheiro Guilherme Boulos, ao menos, para assistir à queima de fogos de camarote, diga-se, um camarote pelo qual elas pagaram mas não levaram.

Vimos:

A candidata tornar-se Presidente para mais um mandato de quatro anos, e tivemos a certeza de que a candidata e a Presidente Dilma pertencem a mundos diferentes, aquela pertence à realidade paralela construída por João Santana, e a outra, ao pesadelo dos brasileiros e brasileirinhas. 

Nesta realidade, a candidata hoje Presidente, em nada faz lembrar a da campanha. Para ela, os desmandos havidos na Petrobrás, cujas investigações se estendem aos Estados Unidos, Holanda e Suíça, são algo trivial e corriqueiro, haja vista que, “o país todo seria corrupto”. Ora, ora, ora, nessa realidade pelo visto, as pessoas costumam avaliar umas às outras por sua própria régua. Não, o cidadão comum não nomeou e nem nomearia Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró, Graça Foster, Sergio Gabrielli sequer para síndicos de prédio, quanto mais, para comandar a Petrobras, a maior e mais importante empresa estatal do país. 

Durante a campanha, aquela candidata, mostrou-se disposta a enfrentar a corrupção com destemor, "coração valente", punindo o crime “doesse a quem doesse”, para o bem do Brasil e da economia.
 
Após a reeleição, a Presidente, a mesma que propalava eficiência e destemor quando candidata, esquiva-se de tomar medidas imediatas e urgentes para demonstrar ao povo, mercado e investidores, que o Governo não é conivente com a mentira e a roubalheira que assolam o país. Esquece que a disposição para enfrentar a corrupção depende de atitudes e não de discursos falaciosos, para isso já deveria ter demitido todos os apaniguados das estatais, substituindo-os por técnicos especializados e de carreira, sem vinculações partidárias. 

A candidata Dilma, que criticava a política do aumento de juros, do reajuste dos combustíveis e tarifas públicas, ao ser reeleita e sem perder tempo liberou geral: os juros aumentaram, combustíveis foram reajustados, energia elétrica idem, envolvidos em corrupção permanecem em seus cargos; em consequência o dólar subiu, o poder aquisitivo diminuiu, o comércio estagnou, o consumo caiu inclusive neste Natal, investidores debandaram, a Bolsa despencou assim como a credibilidade da Presidente, detalhe: isso tudo, sem que o segundo mandato tenha começado.

Tudo o que o povo quer e deseja é o cumprimento das promessas da candidata daquela outra realidade paralela. Apenas isso. 

Que venha 2015: troca de Ministros, escândalos, barganha de cargos em troca de apoio, superfaturamento de obras para as Olimpíadas, inquéritos federais, ações penais contra empreiteiros e políticos, inflação, criação de novos impostos ao invés de cortes radicais nos gastos públicos, queda do poder aquisitivo, invasões a propriedades particulares e públicas promovidas e orquestradas pelos companheiros do MST  MTST, desemprego, endividamento...!!!


E que Deus nos ajude nesta realidade...!!!



Difícil dizer o que é verdade, mas às vezes é fácil identificar a mentira... (Albert Einstein) 



Shadow/Mariasun Montañés


Licença Creative CommonsO trabalho BRASIL, UM PAÍS DE REALIDADES PARALELAS de MARIASUN MONTAÑÉS está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.



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